Título: Mais recursos para casa própria
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2004, Economia, p. A19

Presidente da Caixa Econômica Federal prevê R$ 12 bilhões em créditos para financiamento habitacional no ano que vem

Quem planeja comprar a casa própria pode esperar por mais facilidades no ano que vem. Segundo o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, o financiamento habitacional terá até R$ 12 bilhões em créditos em 2005, devido ao aumento do volume de recursos vindos da caderneta de poupança. A estimativa da Caixa leva em conta a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que obriga os bancos privados a reduzirem o estoque do Fundo e Compensação das Variações Salariais (FCVS). Para diminuir esse saldo, os bancos são obrigados a ampliar a disponibilidade de recursos da poupança para a habitação, elevando o repasse mensal de 1% para 2% do FCVS recolhido.

- Essa estimativa de R$ 12 bilhões é resultado das mudanças do CMN em relação ao FCVS - explicou o presidente da Caixa, durante o seminário Política de Habitação: como alavancar segmentos de menor renda e a classe média, em São Paulo.

Segundo Mattoso, mais recursos para o financiamento virão também do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) - no ano passado, foram mais de R$ 4 bilhões.

- Acredito que, com o crescimento econômico, o avanço dos recursos disponibilizados pelo programa deve ser maior em 2005 - disse.

Este ano, a Caixa deve liberar para habitação, através do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), montante da ordem de R$ 8,3 bilhões. No entanto, Mattoso afirmou que mais de R$ 3 bilhões ainda não foram contratados. A expectativa é de que o restante do crédito seja contratado nos últimos dois meses do ano, um período considerado atípico.

Mas Mattoso acredita que a ampliação das linhas de financiamento habitacional, anunciada recentemente, pela instituição, deve influenciar a tomada de crédito até o fim do ano, bem como incentivar o desenvolvimento do setor da construção civil.

- Fizemos um grande esforço em outubro para agilizar o processo de tomada de recursos - disse.

Para o secretário nacional de Habitação, Jorge Hereda, a baixa utilização de recursos pode ser equacionada com o redirecionamento das linhas de financiamento.

- Pode haver disponibilidade de recursos, mas não haver demanda. Podemos equacionar isso com o direcionamento desses recursos para outras faixas de renda - admitiu Hereda, referindo-se a possíveis mudanças nas regras para utilização dos recursos do FGTS na habitação.

Hoje, a caderneta de poupança financia, principalmente, famílias de maior poder aquisitivo. O governo pretende fazer um acordo com os bancos para redirecionar parte dos recursos para a baixa renda.

Hereda adiantou que, em 2005, o governo pretende lançar ainda um amplo plano de habitação, que visa reduzir o déficit habitacional, estimado em 6,5 milhões de moradias.

- Precisamos construir de 600 mil a 700 mil moradias por ano. O problema é saber como saltar das atuais 200 mil unidades anuais para esse patamar necessário - afirmou Hereda.