Título: Consumidor otimista, mas de mão fechada
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2004, Economia, p. A21

FGV: brasileiro reduz ânsia de gastar

A confiança do consumidor em relação à situação econômica do país mantém o ritmo de melhora verificado desde julho deste ano, mas o brasileiro ainda se sente inseguro para comprar. A conclusão se baseia no resultado da pesquisa de Sondagem de Expectativas do Consumidor, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que entrevistou 1.444 famílias de 12 capitais, entre 5 e 20 de outubro. O percentual de pessoas que consideram ruim a situação econômica é o menor desde julho de 2002: 45%, contra 68,3% em outubro de 2003 e 80% em outubro de 2002. A percepção é que a economia familiar também melhorou. No ano passado, 31% das famílias achavam que as finanças domésticas iam mal, contra 25,4% hoje. Para seis meses, 9% acreditam na piora da economia, e 6,5% esperam deterioração das contas da família, os melhores resultados desde abril.

Apesar de confiantes, os entrevistados não demonstram disposição em comprar bens de alto valor. O percentual dos que pretendem gastar é o segundo menor dos últimos dois anos: 15,8%. Na comparação com setembro, a diferença entre os que vão comprar e os que querem evitar o consumo se manteve em 33 pontos percentuais.

- Esse dado não é negativo. A não disposição em comprar assegura um crescimento consistente, sem euforia capaz de pressionar a demanda, o que poderia gerar inflação e trazer a necessidade de medidas anticonsumo, como aumento de juros - afirma o economista Marco Antônio Bonomo, da FGV.

A expectativa sobre o mercado de trabalho melhorou desde junho. Cresceu de 11,7% para 15% o percentual de quem acha que será mais fácil encontrar emprego e diminuiu de 53,5% para 46,7% o índice de pessimistas.