Correio Braziliense, n. 21645, 21/06/2022. Mundo, p. 9
Bolsonaro confunde guerrilhas
Sem emitir uma manifestação oficial sobre a vitória de Gustavo Petro até a noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro comentou o resultado das eleições colombianas com apoiadores que o aguardavam em frente ao Palácio da Alvorada. "É um ex-guerrilheiro do MIR, Movimento de Esquerda Revolucionário", afirmou, fazendo uma confusão entre as lutas armadas. Na verdade, Petro integrou o grupo guerrilheiro M-19. O MIR foi um movimento que atuou no Chile, não na Colômbia, e do qual fizeram parte os sequestradores do empresário Abílio Diniz, em 1989.
Nem Bolsonaro, nem o Itamaraty se pronunciaram oficialmente até o fechamento desta edição sobre o desfecho da corrida presidencial colombiana. Porém, o presidente teria exposto a aliados sua preocupação com a vitória de mais um político de esquerda na região e o impacto desse cenário do Brasil.
Na conversa com os apoiadores, Bolsonaro comentou a declaração do ex-presidente Lula, seu principal opositor, de que teria, em 1998, intercedido junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e ao então ministro da Justiça, Renan Calheiros, em favor dos sequestradores de Abílio Diniz. "Deu recado aos narcotraficantes e bandidos do Brasil que estamos juntos, entenderam?", assinalou.
O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), por sua vez, desejou "sorte" ao vencedor — "porque administrar um país na situação que o mundo está enfrentando não é simples". "Nós temos interesses comuns com os colombianos, principalmente na questão da Amazônia, estamos aí dentro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. E a relação é de Estado para Estado independentemente do governo de turno", acrescentou Mourão.