Título: PT denuncia golpismo e ataca a elite
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/09/2005, País, p. A3

No dia seguinte à votação, de resultado ainda incerto, para eleger os novos líderes petistas, o partido acordou disposto a espantar fantasmas e mostrar sua força, adotando uma postura de defesa bem mais agressiva. Em documento divulgado pela Executiva Nacional e em entrevista coletiva do presidente do partido Tarso Genro, o objetivo do PT foi tentar salvar a imagem da sigla que sempre se orgulhou em empunhar a bandeira da ética e hoje se vê acuada, desde que vieram a público as denúncias de práticas corruptas no governo Lula. Em entrevista coletiva no Diretório Nacional do partido, em São Paulo, o presidente do PT Tarso Genro disse ter chegado o momento de responder politicamente ao processo político por que passa o partido e o governo Lula.

- A crise é grave e alcançou um estágio cujo intuito é criminalizar o Partido dos Trabalhadores, o que é um equívoco. O PT tem 25 anos de luta a serviço da democracia e um projeto de nação - afirmou Tarso.

Segundo o presidente petista, o PT sofre um processo difamatório, e hoje, além de corrigir seus erros, o partido precisa agora passar a uma ofensiva política.

- Basta que qualquer pessoa diga qualquer coisa sobre o PT que passa a ser verdade, e o partido passa a ser intimado a responder e apresentar provas de que não é verdade, quando o processo deveria ser o inverso - ressaltou.

A Comissão Executiva Nacional do PT redigiu o documento por acreditar necessário não apenas corrigir os erros do governo Lula, mas defender o PT e o governo. Dividido em 13 pontos, a resolução faz uma espécie de balanço da crise política e critica duramente o suposto ''festival denuncista'' promovido por vários partidos políticos - com destaque para PSDB e do PFL. No primeiro ponto, chega a afirmar que ''nunca na história do regime democrático brasileiro um partido sofreu tamanha inquirição, duros e sitemáticos ataques de partidos oposicionistas, divulgados com a ajuda irrestrita da ampla maioria da mídia''.

Em seguida, critica que líderes políticos nacionais e regionais, vinculados à era Collor e à era FHC, hoje se apresentem como os novos salvadores da nação. Também lembra que estes mesmos líderes conduziram Severino Cavalcanti à presidência da Câmara apenas para derrotar o governo.

Para a Executiva Nacional do PT, o ''festival denuncista'' tem como finalidades excluir o PT do cenário político nacional; fazer o povo esquecer a corrupção sistêmica que ''eles, como elite'', implantaram historicamente no país. Num momento de mea-culpa, o documento reconhece que o PT errou ao não adotar mecanismos de controle para combater ''os desvios que estavam em nosso meio''. Após reafirmar que quer a punição irrestrita de todos os que cometeram ilegalidades, cumpridos todos os ritos formais determinados pela lei e pela Constituição, os líderes petistas terminam afirmando que ''uma resposta apressada ao denuncismo que se instalou é, na verdade, uma 'pizza' de médio prazo''.