O Globo, n. 32699, 15/02/2023. Política, p. 6

Governo Lula começa com 40% de aprovação

Flávio Tabak
Nicolas Iory


O início do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é avaliado como positivo por 40% dos brasileiros, de acordo com pesquisa divulgada ontem pela Genial/Quaest. Este é o primeiro levantamento feito pela empresa na nova gestão, que completa 46 dias hoje. São 24% os que classificam a administração federal como regular, enquanto 20% a consideram negativa.

Na véspera do segundo turno da eleição de 2022, na última pesquisa conduzida pela Quaest sobre o mandato do então presidente Jair Bolsonaro, o governo era avaliado positivamente por 37%, enquanto 26% o viam como regular e 35%, como negativo.

A largada dos índices de aprovação de Lula em 2023 é compatível com 20 anos atrás. No início de abril de 2003, o Datafolha fez uma pesquisa na qual a avaliação positiva do petista chegava a 43% (ótimo ou bom). À época, ele foi o presidente mais bem avaliado no início de governo desde a redemocratização. Os percentuais do Datafolha e da Quaest, no entanto, não são diretamente comparáveis porque as perguntas são feitas de forma diferente, e as metodologias de amostragem também são distintas.

Já em janeiro de 2019, a administração Bolsonaro largou com avaliação melhor na pesquisa do antigo Ibope, atual Ipec. Eram 49% os entrevistados que avaliavam o governo como ótimo ou bom contra 11% de ruim ou péssimo. No entanto, um mês depois, em fevereiro de 2019, as opiniões positivas caíram para 39%, e as negativas saltaram para 19%, também no Ibope. Em 2011, o otimismo era maior. A ex-presidente Dilma Rousseff marcava no Ibope, em abril daquele ano, 56% de ótimo ou bom e somente 5% viam a gestão como ruim ou péssima. Os números superavam os de Lula e Fernando Henrique.

Depois de um mês de janeiro em que enfrentou uma série de crises, incluindo os atos de 8 de janeiro e a saída do comandante do Exército, Lula vem cobrando os ministros a apresentarem um cronograma de inauguração de obras. Ontem, o presidente esteve em Salvador para a retomada do programa Minha Casa Minha Vida.

Os pesquisadores da Quaest fizeram mais de duas mil entrevistas presenciais entre 10 e 13 de fevereiro. Somam 60% os brasileiros que projetam a administração de Lula como melhor em relação à de Bolsonaro. Para 27%, será pior que a do antecessor. Outros 8% acham que será igual.

Apesar de as avaliações positivas em relação à gestão Lula 3 serem mais frequentes do que as negativas, 63% não souberam mencionar alguma medida que tenha marcado o início do novo governo. As pautas mais citadas foram, numericamente, a ajuda aos ianomâmi (9%), a volta do Bolsa Família (6%), e a defesa de programas sociais (4%).

Para 33%, o governo de Lula está melhor do que o esperado. Mesmo entre eleitores que disseram ter votado em Bolsonaro no segundo turno de 2022, há quem diga ter sido surpreendido positivamente pelo trabalho do petista até aqui: são 5% do grupo os que fazem essa afirmação.

Janja em alta

Em relação ao presidente em si, 44% dos brasileiros dizem gostar de Lula, taxa que era de 42% em dezembro —apenas oscilou dentro da margem de erro, portanto. Já o percentual dos que declaram não gostar do petista caiu de 36% para 25% nesse período. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro trilhou o caminho oposto. A taxa dos que dizem gostar dele caiu de 32% para 25% entre dezembro e fevereiro, enquanto os que declaram não gostar passaram de 37% para 43%.

O modo como Lula se comporta enquanto presidente é aprovado por 65% da população, contra 29% que desaprovam (6% disseram não saber ou não responderam).

A maioria (53%) acredita que o terceiro mandato de Lula será melhor que os dois anteriores —de 2003 a 2007 e de 2008 a 2011. Outros 14% acham que será igual, e 25% pensam que será pior.

No entorno do presidente, os ministérios tiveram a melhor avaliação. Foram 48% os que afirmaram ter impressões positivas sobre a equipe de Lula, contra 25% que a avaliaram negativamente. A primeiradama Rosângela da Silva, a Janja, é aprovada por 41% e reprovada por 19%. Já o vicepresidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, é bem avaliado por 32%, contra 19% que dizem ter impressões negativas sobre ele.

Passados os primeiros 45 dias de governo, subiu de 48% para 62% o percentual dos brasileiros que afirmam ter a expectativa de que a economia melhore neste ano — a necessidade de resultados positivos na área é outro ponto no qual Lula vem insistindo junto aos seus auxiliares. A taxa dos que acham que a situação econômica do país vai piorar caiu de 29% em dezembro para 20% agora. Outros 14% acham que o cenário continuará o mesmo (eram 14%) no levantamento anterior.