Correio Braziliense, n. 21650, 26/06/2022. Política, p. 5

Silêncio sobre suspeita de interferência

Tainá Andrade


O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, ontem, da Marcha para Jesus, no Balneário Camboriú (SC), fez discurso, mas não comentou sobre a suspeita levantada pelo Ministério Público Federal (MPF) de que teria interferido na Operação Acesso Pago — investigação da Polícia Federal sobre corrupção no Ministério da Educação.

Em vez de abordar o assunto, Bolsonaro optou por criticar governos anteriores. Disse que, ao definir sua equipe, “fez o contrário” de gestões passada. “Formar um ministério com pressões, as mais variadas possíveis, para que Brasília continuasse como sempre esteve ao longo das últimas décadas, fizemos ao contrário. Apostamos, porque sempre devi lealdade ao povo que está à minha frente”, declarou para a multidão de evangélicos e foi saudado com gritos de “mito”.

Bolsonaro voltou à narrativa do bem contra o mal ao disparar contra seu principal rival nas eleições de outubro: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas de intenção de voto. Ele disse que sua chegada ao Planalto “tirou da zona de conforto quem queria o mal do país”, numa menção à agenda de costumes. “Nessa briga do bem contra o mal, sabemos o que está na mesa. Um lado defende o aborto, o outro é contra. Um lado defende a família, o outro quer cada vez mais desgastar seus valores. Um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável”, ressaltou.

O chefe do Executivo também defendeu o armamento da população em nome da “liberdade”. “Um lado quer que o seu povo se arme, para que afaste cada vez mais a sombra daqueles que querem roubar a sagrada liberdade. Eu tenho dito: povo armado jamais será escravizado. Vendam as suas capas, comprem espadas, está no livro que chamamos de Bíblia sagrada”, frisou.

Ele disse ter um exército de 200 milhões de pessoas para defender o país. “Sempre tenho falado das quatro linhas da Constituição. Tenham certeza: se preciso for, e cada vez mais parece que será preciso, nós tomaremos as decisões que devem ser tomadas, porque tenho um exército que se aproxima dos 200 milhões de pessoas nos quatro cantos deste Brasil”, destacou. De acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem 214 milhões de habitantes.