Título: PFL deixa ACM em 'banho-maria'
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 08/11/2004, País, p. A5

Processo de expulsão será abandonado pelo menos até o fim do ano

As eleições municipais acabaram, mas o processo de expulsão do PFL contra o senador Antônio Carlos Magalhães (BA) está longe de uma decisão. Aberto ainda durante o primeiro turno, no dia seguinte do jantar de ACM e outros senadores pefelistas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não existe qualquer perspectiva de elaboração de um relatório neste momento. Na última reunião da Executiva Nacional do partido, quinta-feira passada, o vice-presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), propôs que o assunto fosse encerrado. Cauteloso, o presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen (SC), respondeu que só há dois caminhos para se encerrar o caso: ou se elabora o relatório ou a queixa, feita pelo deputado Ônix Lorenzoni (PFL-RS), é retirada.

- Esse processo vai ser cozinhado, até o final do ano - garantiu um pefelista, frisando que as feridas não estão cicatrizadas.

Aliados de ACM já dão a questão como favas contadas. Lembram a ida, há três semanas, de toda a cúpula pefelista a Salvador, numa solenidade de apoio à candidatura de César Borges a prefeito de Salvador. Na oportunidade, ACM foi elogiado publicamente pelo único prefeito eleito do partido em capitais - Cesar Maia (RJ).

Na última semana, ACM, em um aparte ao discurso de César Borges no Senado, incendiou a Casa e demonstrou que voltou das eleições disposto a fazer oposição ao governo - decisão tomada por seu partido desde 2003. Amanhã, o senador pretende subir à tribuna, com documentos contra o ministro da Saúde Humberto Costa, o ''vampiro da Esplanada''.

Mas o estado de saúde de ACM, aos 77 anos, ainda é algo que preocupa. Menos de 20 dias depois de ser submetido a uma cirurgia para a implantação de um desfibrilador no coração, o senador passou mal durante a recepção de uma cerimônia de casamento sábado à noite e foi levado às pressas pelo governador Paulo Souto (PFL) e pelo prefeito Antonio Imbassahy (PFL) para o Hospital Aliança.

O Jornal do Brasil conversou com o senador, que garantiu presença em Brasília hoje. Contou que passou mal após beber um copo de vinho. Chegou a tentar vomitar, mas segundo ele, não deu certo. Foi então levado pelo governador Paulo Souto para o hospital.

- Esse é um problema que eu tenho, estomacal. Eu não posso beber nada, nem vinho, nem uísque - justificou o senador.

ACM também chegou a fazer chacota com a decisão do senador César Borges de assinar a CPI do ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz.

- Devem estar pensando que eu mandei. Mas o Borges falou isso sem me consultar - ironizou.