Título: Justiça garante silêncio de Dantas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/09/2005, País, p. A6

O banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Opportunity, vai depor hoje, na CPI dos Correios, na condição de investigado, com salvo conduto para ''não responder às perguntas cujas respostas possam vir a incriminá-lo''. Contudo, ''com relação aos fatos que não impliquem auto-incriminação, persiste a obrigação de o depoente prestar informações''. Essa é a síntese do despacho do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, ao deferir o pedido de liminar em habeas- corpus, ajuizado pelo advogado de Daniel Dantas, o criminalista Nélio Machado, na linha das decisões anteriores de seus colegas, para os depoimentos de Marcos Valério, Delúbio Soares, Sílvio Pereira, e outros envolvidos no escândalo do ''mensalão''.

O empresário Daniel Dantas deverá explicar suas relações com as empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador financeiro do mensalão e será questionado sobre seu conflito com os fundos de pensão de estatais para o controle de operadoras de telefonia celular e fixa.

Dantas procurou atuar no Palácio do Planalto para que o governo federal o apoiasse na briga com os fundos. Dentro do Planalto, havia resistência por parte do chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken. Segundo parlamentares da CPI, os dados levantados pela comissão mostram que o dinheiro aplicado pelas empresas controladas pelo grupo Opportunity nas empresas de Marcos Valério foi superior ao valor dos serviços prestados pelas empresas.