O Estado de São Paulo, n. 46779, 14/11/2021. Economia p.B3

 

A inovação tecnológica salva

 

José Roberto Mendonça de Barros

 

Durante a pandemia, milhões ficaram em casa. Parte desse grupo continuou em seus empregos e apenas mudou seu escritório para a mesa da sala. Mas este “apenas” implicou grandes mudanças na forma de viver e, mesmo nos casos de bom ambiente familiar, exigiu de todos grandes esforços. Em outros casos, o isolamento e a perda do convívio foram bastante dolorosos. Pior, claro, foi o grupo que ficou em casa porque perdeu o emprego ou viu seu negócio acabar.

Quase dois anos após o aparecimento do vírus, dá para dizer que inovações e mudanças técnicas permitiram que milhares de pessoas atravessassem a crise produtivamente.

No grupo dos empregados, pessoas e empresas descobriram que, após algum investimento, o trabalho a distância rendeu de forma muito satisfatória, sendo comum a elevação da produtividade e a redução de custos para as empresas. As grandes estrelas foram o Zoom e outros aplicativos de reuniões virtuais e o grande salto na computação em nuvem.

O trabalho híbrido veio para ficar, cabendo a cada empresa definir o arranjo que lhe pareça mais satisfatório.

Entretanto, a maior surpresa para mim foi o salto incrível do empreendedorismo, turbinado pela necessidade e pelas inovações tecnológicas. Pessoas talentosas começaram a empreender, produzindo bens e serviços que se viabilizaram utilizando tecnologia já disponível: um celular inteligente permite iniciar uma operação virtual, que inclui endereço, loja, operação comercial, marketing virtual, vendas, departamento financeiro etc. A entrega física dos bens tornouse relativamente fácil com o crescimento vertiginoso das operações de delivery. Numa fase mais avançada, as pequenas empresas passaram também a vender nas grandes plataformas comerciais tipo Amazon.

O mais extraordinário é que toda essa operação é muito acessível, desburocratizada, eficiente, confiável e, mais do que tudo, barata e sem grandes barreiras de entrada.

Merecem atenção as inovações financeiras, estimuladas pelo Banco Central, e, em particular, a verdadeira revolução nos meios de pagamento, cujos custos operacionais caíram drasticamente com o crescimento da competição. Os bancos digitais fornecem serviços baratos, facilitando a vida dos pequenos empreendedores, bem como a adesão ao Pix.

Hoje, temos 11 milhões de MEIs e 7,5 milhões de pequenas empresas, muitas das quais criadas nos dois últimos anos. Entretanto, mesmo com esse quadro, um contingente maior de pessoas segue sem ocupação e com graves deficiências de renda.