Título: A retórica de Severino
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, País, p. A3

Antes de tudo um forte ¿Diante do que eu estou vivendo no momento, diante das circunstâncias que me cercam de ameaças, de escárnio, de contestação, de processos sem causa, eu me recordo de que o sertanejo é antes de tudo um forte.¿

Infância pobre ¿Como todos os meninos pobres do nordeste, eu devia ganhar meu próprio sustento e ajudar a família. Não consegui ir além do primeiro grau, pois devia arranjar logo um emprego. Não encontrei, portanto, as agruras do Nordeste pelos livros ou pela literatura, nasci lá, cresci no meio das durezas dos que são pobres, na terra onde as crianças, desde cedo, são sertanejos fortes, pois já experimentaram tudo.¿

De comerciante rico a político pobre ¿O político levou o bem sucedido comerciante que eu era à bancarrota. E arrastou na correnteza também o patrimônio de Catharina Amélia, uma mulher rica antes de casar-se com o comerciante que tomou a decisão de assumir a política como vocação e como destino.¿

¿Executem a devassa. Revolvam minha vida. Exponham minha memória. Consultem minhas contas. Façam e refaçam os cálculos. E chegarão à mesma conclusão inevitável: Severino Cavalcanti empobreceu com a política. Esse sim, o verdadeiro empobrecimento ilícito!¿

O rei do baixo clero ¿Fui o presidente eleito para mudar uma Casa cheia de donos ¿ os donos do Congresso, onde pontificava uma elite distanciada da maioria dos deputados, chamada desdenhosamente de baixo-clero, e praticamente ignorada em todas as decisões importantes do Parlamento.¿

Representante dos deputados ¿Não fui eleito por um partido, não fui eleito pelo Governo. Pela primeira vez na história da Câmara dos Deputados, o presidente foi eleito pelos deputados.¿

A resposta da ¿elitizinha¿ ¿A elitizinha, essa que não quer jamais largar o osso, insuflou contra mim seus cães de guerra --arregimentou forças na academia e na mídia e alimentou na opinião pública a versão caluniosa de um empresário, que precisava da mentira para encobrir as dívidas de seus restaurantes.¿