Título: Saques confirmados
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, País, p. A5

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) confirmou ontem em depoimento à Polícia Federal que sua mulher, Marcia Regina Milanésio Cunha, sacou R$ 50 mil da conta de Marcos Valério Fernandes de Souza no Banco Rural de Brasília em setembro de 2003. Ele repetiu a versão de que os recursos bancaram uma pesquisa de intenções de voto em favor dos candidatos do PT em Osasco (SP), reduto eleitoral do petista.

Desde que seu nome foi envolvido nas investigações que apuram a ligação de Marcos Valério com a cúpula petista, João Paulo apresentou diferentes versões para explicar o saque de sua mulher. Quando a Comissão ainda não tinha a lista de sacadores, o livro de entradas da agência do Banco Rural foi o primeiro documento analisado pelas instância e nele estava registrada a entrada de Márcia Regina.

Na ocasião, João Paulo Cunha alegou que sua mulher esteve na agência bancária para fazer o pagamento de uma conta de TV a cabo. Após a quebra do sigilo bancário de Marcos Valério, e a conseqüente divulgação das listas de sacadores, o deputado petista assumiu a retirada do dinheiro e disse que foi usado para pagar despesas de campanha.

Ontem, no depoimento à PF, ele repetiu a versão apresentada às CPIs dos Correios e do Mensalão. No entanto, João Paulo não apresentou documentos que comprovassem o gasto dos R$ 50 mil com pesquisas eleitorais.

Segundo informações dos delegados que ouviram o depoimento João Paulo, ele se comprometeu a entregar ''o mais breve possível'' uma nota fiscal que comprovaria a contratação do instituto de pesquisas. O deputado, que integra a lista dos 16 parlamentares acusados de quebra de decoro, admitiu que no seu mandato de presidente da Câmara, contratou a SMPB para fazer a publicidade da Casa, mas defendeu que o contrato assinado com a empresa de Marcos Valério seguiu as normas estabelecidas pela Câmara.