Título: Principais trechos do depoimento de Daniel Dantas
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, País, p. A8

Dirceu e Casseb ¿Fomos pressionados pelo presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, dizendo que falava em nome do governo. Em duas reuniões que tive com o ministro Dirceu chamei atenção para as interferências indevidas favorecendo nossos adversários. Ele disse que o governo não devia intervir em questões privadas, mas o governo continuou intervindo. Eu achava que havia apoio de pessoas do governo favorecendo nossos adversários.¿

Kroll ¿A Kroll foi contratada para investigar possível irregularidade no ato em que participantes forçaram a empresa a comprar a Companhia Riograndense de Telecomunicações com sobrepreço. Que mal existe em tentar obter provas? A BrasilTelecom não recomendou à Kroll que investigasse o governo.¿

Gushiken ¿Tenho informações sobre a interferência do ministro Luiz Gushiken nos fundos de pensão. Vários interlocutores nos reportam que o ministro interferia nos assuntos. Mas não vou dizer que fui a reuniões com os fundos e encontrei o ministro¿

Filho de Lula ¿A BrasilTelecom negociou com o filho do presidente Lula em relação à Gamecorp. Fui informado pela BrasilTelecom que houve uma viagem ao Japão. A passagem foi paga pelo filho do presidente. A empresa pagou algumas refeições, convidou o filho de Lula, mas entendeu que o preço pretendido era alto e não fechou negócio.¿

Valério ¿Não há registro de nenhum benefício ao Opportunity neste governo. Não pagamos a Marcos Valério. Se alguém pagou, seria mais natural os beneficiados terem pago. Não faria sentido quem não se beneficiou pagar. Faria mais sentido abrir a outra gaveta e não esta (a do Opportunity).¿

Roupa ¿Marcos Valério me foi apresentado, não me lembro a data. Me lembro dele porque ele estava vestido com uma roupa mais colorida, um tipo mais exótico.¿

Embratel ¿O Arthur Carvalho (sócio de Dantas) esteve com o ministro Gushiken quando as três companhias de telefonia fixa se uniram para comprar parte da Embratel. Houve reuniões na Secom (extinta Secretaria de Comunicação de Governo) ou no Planalto, não sei. Tentou-se viabilizar o consórcio das três companhias.¿

Pressão ¿Fomos pressionados pelo Ministério das Comunicações, no governo Fernando Henrique, durante a venda da Companha Riograndense de Telecomunicações. É uma constante a interferência política com objetivos diferentes daquele de gerar rendimento aos investidores.¿