Título: Furacão matou milhares em 1900
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, Internacional, p. A9

Todos os 57 mil habitantes de Galveston, no Texas, começaram ontem a cumprir a ordem de abandonar a cidade, por onde pode chegar em terra no sábado a tormenta Rita, de categoria 5. Mas esta não é a primeira vez que o lugar se vê literalmente no olho do furacão: em 8 de setembro de 1900, Isaac, o ciclone mais violento da história americana, deixou ali entre 8 mil e 12 mil mortos. À cotação atual do dólar, o prejuízo estimado alcançaria US$ 700 milhões.

- Pouquíssimos residentes de agora se lembram do Isaac. A chave para evitar a repetição da tragédia é tomar consciência e preparar a população - disse um funcionário do serviço meteorológico local.

Com as imagens da devastação do Katrina frescas na memória, os moradores de Galveston saíam ordeiramente da cidade ontem. Todas as pontes que ligam a ilha ao continente estão em mão única, o que significa que ninguém pode voltar. Os mais velhos, inválidos e pessoas que não possuem carro tiveram permissão para sair primeiro, em dezenas de ônibus escolares. Todos podiam levar seus gatos e cachorros, ao contrário do que aconteceu na evacuação do Katrina.

- Se vocês ficarem, os serviços básicos serão interrompidos, o mar vai tomar a cidade e não teremos como vir resgatá-los. Por favor, obedeçam ao plano de retirada - pedia em público a procuradora de Galveston, Susie Green.

Toda a operação foi coordenada pelas autoridades locais, sem a ajuda da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema), alvo de críticas pelas flagrantes falhas na assistência às vítimas do Katrina.

- Estamos fazendo o que é necessário agora. Espero que onde quer que a Fema esteja, eles nos ajudem quando precisarmos deles - disse a prefeita de Galveston, Lyda Ann Thomas.

David Hastings, diretor da operação, contou que ouviu vários ''não quero ir'' dos habitantes.

- É triste, entretanto eu tinha que responder: ''Desculpa, mas você vai''.

Em 1900, Galveston era um importante centro de comércio de algodão e contava com uma população de 35 mil pessoas - menos da metade delas retiradas. Depois da tragédia, a cidade, situada em uma ilha homônima, tomou medidas para se proteger da violenta variação de maré, como reconstruir as partes mais altas.

O último furacão de importância que tocou o Sudeste do Texas foi o Alícia, em 1983.