O Estado de São Paulo, n. 46789, 24/11/2021. Política p.A11

 

Senado cobra de Aras providências sobre CPI da Covid

Investigação


PGR tem até sábado para acatar ou não denúncias contra Bolsonaro e outros 12 acusados no relatório final da comissão

 

Julia Affonso

 

Vinte e seis dias após entregarem o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid ao procurador-geral da República, Augusto Aras, senadores querem saber o que ele fez a respeito das acusações presentes no documento. A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou ontem requerimento que convida Aras a explicar as providências tomadas. Em nota, Aras avisou que falará do assunto no próximo sábado.

O requerimento de convite a Aras ao Senado foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e a expectativa é de que a audiência ocorra entre 13 e 14 de dezembro. Ao Estadão, o senador disse que pretende saber "o que ele vai fazer com o relatório de uma CPI com quase 1.200 páginas, com provas robustas, com a análise de uma tragédia com 600 mil mortos".

Senadores da CPI da Covid fizeram uma entrega simbólica do relatório a Aras no dia 27 de outubro. O PGR deve, em 30 dias, pedir novas investigações, denunciar o presidente Jair Bolsonaro ou arquivar tudo.

No dia 28 de outubro Aras pediu uma investigação preliminar para apurar os crimes imputados ao presidente e a outros doze políticos. Em 10 de novembro, por meio de nota, a PGR informou que apenas no dia anterior havia recebido "documentos sigilosos reunidos ou produzidos pela Comissão". Segundo o órgão, "o lapso temporal" entre a entrega do relatório e o recebimento das mídias ocorreu por "dificuldades operacionais decorrentes do volume do material (aproximadamente 4 terabytes)" e pela "necessidade de se observar os protocolos".

 

'FATOS GRAVES'. Ao Estadão, o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Fabiano Contarato (Rede-ES), que presidia a sessão, afirmou que "a CPI da Covid apontou fatos graves". Delegado de polícia por 27 anos, ele considerou "salutar" que o PGR dê respostas. "Não vamos aceitar a impunidade." A CPI, disse, "trabalhou seis meses coletando provas objetivas – contratos, quebras de sigilo telemático, mensagens via Whatsapp, provas testemunhais". Segundo ele, a comissão "é como se substituísse o inquérito policial".

Como o requerimento aprovado é da modalidade convite, Aras pode não comparecer à comissão – mas Contarato acredita que o PGR irá. Randolfe disse "não acreditar que o PGR será tão indelicado a ponto de não ir" – o que, segundo ele, levaria a uma convocação.