Título: Churrasco no pátio da superintendência
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, Rio, p. A13
Um dia depois de soltarem fogos para comemorar a apreensão de 1.600 quilos de cocaína - manifestação criticada pelo diretor-geral da Polícia Federal Paulo Lacerda -, policiais federais organizaram um churrasco na sede da superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, para festejar o sucesso da Operação Caravelas. A celebração teria acontecido no sábado com a permissão do superintendente em exercício, Roberto Prel. - Os fogos e o churrasco são insignificantes diante do roubo e do erro do delegado Prel em afastar 59 agentes. O correto seria o delegado também ser afastado. Faltou serenidade no comando - afirma Fernando Carlos Galisto, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que soube do churrasco por telefone.
Galisto lamenta que a imagem da PF seja manchada devido ao roubo, depois da pesquisa Sensus/Gallup que apontou, ano passado, a Polícia Federal como a insitituição de maior credibilidade do país, à frente das Forças Armadas. Em nota oficial divulgada ontem, a Fenapef pede desculpas aos contribuintes brasileiros. Um dos trechos do documento diz que ''a Polícia Federal do Brasil já demonstrou várias vezes que não tem qualquer problema corporativo para prender seus pares que por ventura cometam crimes''.
- Não entendemos para que afastar 59, criando um sentimento de revolta. Misturaram o joio e o trigo e o bom policial foi punido sem necessidade - observa Galisto.
Em fevereiro deste ano, Galisto acompanhou uma comissão de deputados federais que visitou as dependências da Polícia Federal. Segundo ele, os parlamentares constataram que as instalações eram inadequadas para custodiar jóias, drogas, dinheiro e objetos apreendidos pelos agentes.
- Não dá para guardar um rádio de pilha naquela masmorra medieval. Torço para que esse acontecimento acelere a construção de uma nova sede da PF do Rio - afirmou.
Um delegado da Polícia Federal, que prefere não se identificar, disse ao JB que o delegado Roberto Prel teve tempo suficiente para depositar o dinheiro (R$ 2 milhões) na agência do Banco do Brasil do Andaraí, o que o torna tão responsável pelo sumiço da quantia quanto os agentes afastados.