Título: Corregedor espera cópias de cédulas
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, Rio, p. A13
O corregedor regional da Polícia Federal do Rio, Victor Hugo Poubel, informou ontem que ainda não recebeu as fotocópias das notas furtadas do cofre da DRE no fim de semana. De acordo com o corregedor, responsável pela sindicância interna que já ouviu 35 dos 59 policiais afastados, a solicitação das cópias foi pedida ao presidente do inquérito que apura o furto, delegado Marcos Cotrim. As cópias servem para identificar e rastrear o dinheiro. Na terça-feira, o superintendente da PF do Rio em exercício, Roberto Prel, havia afirmado que todas as notas de euro e dólares apreendidas tinham sido copiadas. Prel tinha dito, no entanto, que nem todas as notas de reais - cerca de R$ 22 mil - passaram pelo processo.
- Há uma instrução normativa da PF determinando que todas as notas apreendias em operações devem ser fotocopiadas e depositadas no Banco Central - afirmou Poubel, que acredita, no entanto, que os R$ 2 milhões em notas de euro, dólar e real não foram depositadas a tempo por causa de problemas burocráticos, uma responsabilidade do chefe do cartório.
- O escrivão também é subordinado ao delegado, que pode pedir para que uma apreensão fique mais tempo em um cofre. Se houve negligência, o responsável será punido - ponderou o corregedor, que está analisando o registro de todas as pessoas que circularam na superintendência. Parte das fitas que registram a entrada e saída de veículos da sede da PF também já foram checadas. A hipótese de o dinheiro estar escondido dentro da PF foi descartada.
Poubel afirmou que, entre os policiais ouvidos, nenhum confessou participação no crime. Mesmo assim, o corregedor considera forte o indício de envolvimento de funcionários da PF.
- Não temos nomes para apresentar, mas estamos certos de que os ladrões conheciam as dependências da delegacia. Sabemos também que o furto foi feito provavelmente por mais de uma pessoa. O arrombamento das seis portas da DRE pode ter sido feito para dissimular a investigação - explicou o corregedor.
Na investigação sobre a quadrilha internacional de traficantes desmontada pela Operação Caravelas, o diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Marcos Bezerra, disse que é forte a possibilidade de policiais federais terem furtado as cédulas para ''vender'' para a quadrilha.
Os 17 carros de luxo e o barco apreendidos na Operação Caravelas devem chegar hoje a Brasília. Ontem à tarde, os veículos estavam sendo posicionados em dois caminhões-cegonha. Ainda ontem, a PF apreendeu, na Zona Sul, um Mercedes-Benz do chefe da quadrilha desmontada, José Antônio de Palinhos. Rodrigo Palinhos - filho de José Antônio -, acusado de participar do esquema, disse ontem que vai se entregar à Justiça.
Além dos carros de luxo, avaliados em R$ 3 milhões, todo o material do inquérito deve chegar hoje às mãos do delegado Marcos Nunes, da DRE de Goiânia, que assumiu as investigações.