Correio Braziliense, n. 21673, 19/07/2022. Política, p. 5

MP cobra laudos de crime no PR

Henrique Lessa


O Núcleo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, em Foz do Iguaçu (PR), pediu à Polícia Civil, nesta segunda-feira (18), mais elementos investigatórios para concluir a denúncia que será oferecida à Justiça contra o policial penitenciário federal Jorge Guaranho. Bolsonarista, Guaranho matou o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, no último dia 9.

Para o promotor Tiago Lisboa Mendonça, um dos designados para o caso, “existem algumas diligências pendentes”. “E são diligências importantes, como a análise do celular do agressor; a análise de perícia do DVR, que é o equipamento de gravação de vídeo; o laudo pericial de confronto balístico, e algumas outras diligências menores”, enumerou Mendonça ao Correio.

Segundo ele, o Ministério Público pretende oferecer a denúncia contra Guaranho amanhã. Para o integrante do Gaeco, mesmo que os laudos da Polícia Civil não sejam enviados a tempo, “nada impede que a denúncia seja complementada com o aparecimento de fato novo”.

O promotor comentou ainda sobre um dos pontos mais controversos sobre a morte de Marcelo Arruda: se o caso pode ser considerado como um crime político. Mendonça afirmou que, no momento da denúncia, “essa motivação político/partidária vai ficar bem clara. A gente vai explicar essa questão lá no momento do esclarecimento dos pontos centrais da denúncia”.

Procurada pelo Correio, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP) informou que não comentaria o caso, pois o trabalho da polícia estaria concluído.

Suicídio investigado

A Polícia Civil e o Ministério Público investigam uma possível relação entre o assassinato de Marcelo Arruda, 50, e o suicídio de Claudinei Esquarcini, 44, diretor da Associação Esportiva Segurança Física Itaipu (Aresf), local onde ocorreu o homicídio do petista.

Esquarcini trabalhou por 20 anos como segurança na Itaipu Binacional. Era o responsável pelo sistema de câmeras de segurança da associação. Segundo as investigações, as imagens, após mostradas a Guaranho, durante um churrasco de confraternização, teriam motivado sua ida ao local do crime. Claudinei cometeu suicídio no último domingo.

Advogados da família de Arruda defendem a realização de novas diligências após a morte de Esquarcini. Em petição à 3ª vara criminal de Foz do Iguaçu, solicitam a apreensão e perícia do celular do diretor da Aresf, além da identificação dos sócios do clube e a identificação daqueles que teriam a posse das senhas de acesso ao sistema de câmeras do local.

Segundo o documento, assinado pelo advogado Daniel Godoy Júnior, o autor do crime, Jorge Guaranho, seria amigo íntimo de diversos membros da direção da associação, o que justificaria novas diligências, a fim de apurar a possibilidade de existirem mais envolvidos na morte de Marcelo.

De acordo com informações divulgadas ontem pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Jorge Guaranho segue internado e apresenta um quadro estável. O paciente “encontra-se hemodinamicamente estável, sem uso de drogas vasoativas e sedativos. Apresenta respiração espontânea por traqueostomia e oxigenoterapia suplementar, sem auxílio de ventilação mecânica”.

 

Endereço para citar este documento : https://www2.senado.gov.br/bdsf/handle/id/644232