O Globo, n. 32655, 02/01/2023. Política, p. 14

Pacheco cita democracia e sinaliza por reformas

Fernanda Trisotto
Dimitrius Dantas
Jussara Soares
Eduardo Gonçalves


Ao empossar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSDMG), afirmou ontem que a democracia saiu-se vitoriosa eque a voltado petista ao Palácio do Planalto traz um sentimento de “renovada confiança”. Afirmou ainda que o Legislativo já dá sinais de que deverá assumir uma postura colaborativa com o Executivo. Já o o presidente da Câmara, Arthur Lira (PPAL), que também compareceu ao evento, escreveu nas redes sociais que é hora de “celebrarmos a estabilidade de nossas instituições e torcer pelo futuro” do país.

— Há um sentimento de renovada confiança por estarmos diante de dois homens públicos experientes, capazes e habilidosos —elogiou, citando também o vice-presidente recém-empossado, Geraldo Alckmin.

Pacheco aproveitou a presença dos chefes do três Poderesda República para celebrar a “harmonia e equilíbrio”.

— Quero concluir reafirmando nosso compromisso imperturbável coma democracia e suas instituições— disse o senador, antes de acrescentar.

Para o senador, possivelmente, a corrida eleitoral deste ano foi a mais importante da história recente do país e revelou a força do sistema democrático nacional:

— Nas eleições de 2022, a democracia brasileira foi testada e saiu-se vitoriosa. É possível que tenha sido o processo eleitoral mais importante de nossa história após a redemocratização. O tempo dirá.

Antes de dar início ao seu discurso, o presidente do Senado fez referência às vítimas da pandemia de Covid-19 e pediu um minuto de silêncio em respeito às portes de Pelé e do Papa emérito Bento XVI.

Rodrigo Pacheco não fez campanha para Lula e se manteve distante da corrida presidencial. Anteriormente, sobretudo, ele protagonizou embates públicos com o então presidente Jair Bolsonaro ao longo dos últimos anos anos. Ontem, ele disse que o Congresso já demonstrou estar disposto a colaborar com o Executivo ao aprovar a chamada PEC da Transição, que abriu espaço de R$ 169 bilhões no orçamento de 2023 antes mesmo de Lula assumir.

— Quero assegurar que o espírito dos deputados, das deputadas, dos senadores e das senadoras, é de cooperação. Tanto é verdade que, antes mesmo da posse do novo governo eleito, abrimos diálogo com o governo de transição para aprovar (a PEC) —lembrou Pacheco.

Reforma tributária

O parlamentar mineiro falou no Plenário da Câmara para convidados e autoridades, majoritariamente aliados de Lula, logo após o discurso do presidente. Rodrigo Pacheco assumiu o comando do Senado em 2021 e é considerado favorito a continuar no cargo com o início da próxima legislatura. Ele é candidato à reeleição a presidente.

Ele aproveitou a oportunidade para defender a tramitação da reforma tributária, uma pauta do qual ele próprio é entusiasta:

— Nós temos um sistema de arrecadação que precisa ser desburocratizado e simplificado para permitir mais justiça social. Essa reforma, junto com a elaboração do novo arcabouço fiscal, são as pautas prioritárias desse Congresso Nacional em 2023.

Presente ao evento, Arthur Lira não discursou, prerrogativa garantida somente aos presidente da república e do Congresso, de acordo com o protocolo. Nas redes sociais, porém, comemorou o fim do processo eleitoral: “A Casa do Povo e da Democracia escreveu hoje mais um capítulo de nossa História. É hora de celebrarmos a estabilidade de nossas instituições e torcer pelo futuro do Brasil e dos brasileiros”.