Título: EUA definirão juro no Brasil
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/11/2004, Economia, p. A19
Decisão do Fed influencia ajuste de taxa brasileira
Uma decisão nos Estados Unidos será determinante para a definição da taxa de juros no Brasil, na próxima semana, durante a reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom). Após os últimos dados sobre desemprego e crescimento da economia americana, espera-se que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumente, na quarta-feira, as taxas de juros, na primeira reunião após a reeleição do presidente George W. Bush. A notícia soa como um alarme no Brasil, que terá que se ajustar para não ver os investidores estrangeiros migrarem em massa para o mercado americano e também poderá optar pela elevação da taxa básica. A reeleição do presidente George W. Bush dissipou a incerteza que havia nos mercados financeiros e foi recebida com fortes altas nas bolsas de valores dos EUA, acompanhadas pela informação de que a economia americana abriu 337 mil postos de trabalho em outubro. Apesar desse aumento, a taxa de desemprego subiu para 5,5% da força de trabalho. Analistas atribuíram o movimento a um aumento no número de pessoas que renovaram a procura por trabalho, agora que as perspectivas de emprego com a melhora da economia.
Em junho, o Fed mudou o rumo de sua política monetária: depois de mais de três anos de taxas de juros muito baixas, começou os ajustes que elevaram três vezes as taxas em 0,25 ponto percentual, chegando aos atuais 1,75%. Analistas americanos apostam que o Fed aumente este percentual para 2% esta semana.
Em seus comunicados, o Fed disse perceber um ritmo de crescimento lento, mas sustentável, na economia dos Estados Unidos e, portanto, teria chegado o momento de voltar a vigiar a inflação.
O aumento de postos de trabalho em outubro foi duas vezes maior do que o esperado pelos analistas, e o maior desde março. Um relatório do Departamento do Trabalho mostrou que, durante o trimestre de julho a setembro, a produtividade cresceu no ritmo mais baixo em três anos. Isso indica que as empresas chegaram quase ao limite da produtividade da mão-de-obra existente. Em breve, elas teriam que começar a contratação de mais trabalhadores para atender à demanda crescente.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA tinha crescido a um ritmo de 4,3% no primeiro trimestre e desacelerou para 3,3% no segundo. Entre julho e setembro, o PIB voltou a acelerar e cresceu 3,7%. A maioria dos analistas acredita que o crescimento fechará aproximadamente nesse ritmo se a temporada de vendas de fim de ano for forte.
Outros, no entanto, acham que ainda há indícios de fraqueza no crescimento econômico dos EUA. No entanto, o aumento das taxas de juros poderia reduzir a despesa dos consumidores, que equivale a quase 70% do PIB.
Por exemplo, as despesas de construção civil, ajustadas por temporada, saíram de um ritmo anual de US$ 1,014 trilhão em agosto para US$ 1,013 trilhão de dólares em setembro. O dado surpreendeu os analistas, que esperavam um aumento de 0,4%.
A opinião de alta ainda não é consensual e, segundo analistas, há fatores que podem levar o Fed a optar pela manutenção. Em outubro, a atividade industrial dos EUA cresceu num ritmo menor que o de setembro e abaixo do calculado pelos especialistas, segundo o Instituto para Gerenciamento de Abastecimento (ISM).