Título: Remessa de lucros avança 75%
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, Economia & Negócios, p. A20
O aumento da rentabilidade das empresas estrangeiras no Brasil e a desvalorização do dólar frente ao real provocaram um crescimento de 75% na remessa líquida de lucros ao exterior. Nos oito primeiros meses, empresas e acionistas enviaram US$ 7,88 bilhões para outros países, ante US$ 4,5 bilhões registrados em igual período do ano passado. O valor já supera os US$ 7,3 bilhões apurados ao longo de todo o ano de 2004. Em função desse resultado, o Banco Central elevou de US$ 9 bilhões para US$ 10 bilhões a previsão para o ano de saída de recursos nessa rubrica, um avanço de 36% em relação às remessas do ano passado.
O impacto da saída dos recursos na conta corrente do país (saldo de transações comerciais e de serviços, além do fluxo de renda), porém, será amortecido pelas exportações. Segundo o BC, o saldo das transações correntes deve ficar positivo em US$ 9,4 bilhões neste ano. Inicialmente, a previsão era de US$ 4 bilhões, e, entre janeiro e agosto, o superávit ficou acumulado em US$ 8,698 bilhões. Em agosto, o saldo em transações correntes ficou positivo em US$ 822 milhões, queda de 68,29% frente aos US$ 2,592 bilhões de julho mas abaixo do US$ 1,751 bilhão registrado em agosto de 2004 - resultado direto do aumento das remessas de lucros.
Para a balança comercial, o saldo esperado pulou de US$ 30 bilhões para US$ 38 bilhões. Esse aumento se deve ao comportamento das exportações, que, nas contas do BC, devem chegar a US$ 114 bilhões neste ano - confirmada essa previsão, o crescimento em relação a 2004 terá sido de 18%.
Além de neutralizar o efeito das remessas de lucro, as vendas externas também reduzirão o impacto nas contas dos gastos de brasileiros no exterior. O dólar barato tem incentivado o turismo internacional e, por isso, o saldo de viagens, que era positivo em US$ 355 milhões, ficou negativo em US$ 511 milhões. A previsão para as despesas com viagens internacionais saltou de US$ 800 milhões para US$ 1,2 bilhão.
Já a projeção para as importações foi reduzida pelo BC de US$ 78 bilhões para US$ 76 bilhões.
- As importações não estão vindo como o previsto. Imaginávamos que, com o aumento do nível de atividade, elas fossem crescer mais - afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Os investimentos estrangeiros diretos também seguem em disparada em relação ao ano passado. Nos oito primeiros meses, o país recebeu US$ 9,4 bilhões. Já em igual período do ano passado, o apurado era de US$ 3,35 bilhões, o que representa um avanço de 182%.
Já os investimentos em carteira - que incluem as aplicações estrangeiras no mercado de ações e em títulos do governo e de empresas - inverteram o fluxo negativo dos oito primeiros meses de 2004, de US$ 3,9 bilhões, para um saldo líquido positivo de US$ 2,4 bilhões. Esse ingresso de recursos - atraídos, no caso dos títulos, pelas altas taxas de retorno prometidas - colabora para a manutenção do real valorizado.
O saldo do balanço de pagamentos - soma das transações correntes e das movimentações financeiras avançou de US$ 990 milhões, entre janeiro e agosto de 2004, para US$ 4,5 bilhões - um salto de 362%.
Em agosto, as reservas internacionais - para pagamento de compromissos externos - cresceram US$ 388 milhões, totalizando US$ 55,1 bi, puxadas pela remuneração das reservas e captações. Já a dívida externa em junho (último dado disponível) caiu US$ 10,6 bi em relação a março de 2005, totalizando US$ 191 bi, devido a pagamento de compromissos externos e à valorização do real.
Com agências