Título: Acordo garante reajuste a servidores
Autor: Mariana Santos e Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 22/09/2005, Brasília, p. D3
Foram mais de três horas de lavagem de roupa suja. Cerca de 20 distritais compareceram ontem à residência oficial de Águas Claras e foram recebidos por um governador irritado com a inércia da Câmara Legislativa, que não vota há semanas projetos importantes do Executivo, como o que institui as Parcerias Público-Privadas e o que revoga a Emenda 40, devolvendo o direito de legislar sobre terras públicas. Joaquim Roriz também exigiu dos seis distritais do antigo grupo Pró-Brasília - formado por PFL, Prona e PP - maior afinação com o governo. E foi duro ao criticar o deputado José Edmar, o único ausente, sobre suas ações em movimentos populares que ameaçam ocupar uma área pública de Planaltina.
O primeiro encontro em mais de um ano entre o governador e distritais da base aliada, eleitos e suplentes, foi norteado pela discussão a respeito do veto de Roriz à proposta de reajuste de 15% aos servidores da Câmara Legislativa. Roriz pediu à bancada governista que mantenha o veto e chegou a contar, nominalmente, quem seguiria sua orientação. Com as baixas adesões, o governador ofereceu uma contraproposta: o percentual de 15% ficaria mantido, mas vigoraria a partir de 1º de outubro e não 1º de maio, como querem os servidores. Alguns deputados prometeram defender a nova proposta.
De acordo com um parlamentar presente no encontro, Roriz mostrou preocupação com uma possível manifestação de outras categorias do GDF por reajustes. O governador afirma ainda que não há dinheiro suficiente em caixa para bancar o impacto.
No entanto, o clima esquentou quando a deputada Eliana Pedrosa (PFL) tentou reavivar as negociações para indicar cargos na máquina governamental, a fim de atender seus afilhados políticos. Segundo fontes, Eliana teria dito ''não se sentir parte do governo'', por não ser contemplada com cargos. O governador rebateu, dizendo que mostraria uma lista de nomes à deputada, que ao final do encontro prometeu cobrar a relação.
Desde a eleição da Mesa Diretora da Casa, no final do ano passado, os seis distritais do PFL, Prona e PP mantêm uma relação conflituosa com o Buriti. No início deste ano, o governador promoveu uma reforma administrativa e remanejou o primeiro escalão para atender pleitos dos aliados. A principal baixa foi na Secretaria de Saúde, para onde os então chamados ''dissidentes'' indicaram José Geraldo Maciel. Após novos desentendimentos, Maciel manteve-se no cargo na cota de Roriz e houve novo rompimento entre o governador e o grupo.
A bancada também foi comunicada ontem que o excesso de arrecadação no DF propiciou um crédito suplementar, para que sejam feitas umas adequações orçamentárias, destinadas à conclusão de algumas obras.
Joaquim Roriz reforçou a prioridade a partir de agora a alguns projetos, entre eles, o que prevê as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e o que altera a Emenda 40 da Lei Orgânica. Com a modificação, Legislativo e Executivo poderão voltar a determinar mudanças em potenciais construtivos, alterações de uso e desafetações.
O governador e a bancada governista marcaram para a próxima segunda-feira outro encontro para discutir o quadro partidário, com vistas às eleições do ano que vem.