Título: Carlos Xavier depõe amanhã na Justiça
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/11/2004, Brasília, p. D4
Juiz de Samambaia interrogará o ex-distrital acusado de mandar matar um jovem
O ex-deputado distrital Carlos Xavier, cassado em julho, deve comparecer amanhã à tarde ao Fórum de Samambaia, onde pela primeira vez será interrogado pela Justiça sobre a acusação de ser o mandante do assassinato do jovem Ewerton da Rocha Ferreira, de 16 anos, no dia 8 de março deste ano, no Recanto das Emas. Segundo o processo, o estudante mantinha um relacionamento amoroso com a ex-mulher do distrital, Maria Lúcia Xavier, e por diversas vezes fora ameaçado pelo ex-distrital, que teria gasto R$ 15 mil para encomendar o assassinato. O depoimento ao juiz togado ocorre às 14h e marca a primeira fase do processo, que deve terminar com o julgamento de Xavier pelo júri popular de Samambaia. Se, após o interrogatório de amanhã, o magistrado entender que existem indícios suficientes de que o ex-deputado cometera mesmo o crime, conforme afirmam a polícia e o Ministério Público, submete finalmente o processo ao Tribunal do Júri.
- No Júri é assim, dividido em duas fases. A segunda fase é o julgamento mesmo. Amanhã, no interrogatório, o Ministério Público pode se pronunciar e formular perguntas para esclarecer dúvidas que ficaram ao longo do processo. Vamos aproveitar essa oportunidade. É sempre bom - afirma o promotor Ricardo Antônio de Souza, da Promotoria do Júri de Samambaia.
Na semana passada, Carlos Xavier seria ouvido como testemunha no processo do capoeirista Eduardo Gomes da Silva, 52 anos, mais conhecido como Mestre Risadinha, a quem Xavier supostamente teria pago R$ 15 mil para que contratasse um auxiliar e executasse Ewerton. O depoimento, no entanto, não ocorreu.
Amanhã, a defesa do distrital cassado deve repetir perante o juiz a tese de negativa de autoria, ou seja, a argumentação de que o ex-deputado em nada teve a ver com o crime e não mandou matar o jovem. Mas, na visão do Ministério Público, o inquérito tem uma riqueza de detalhes apontando a participação do ex-deputado que torna muito difícil ele conseguir se esquivar da acusação de mandante.
- Ewerton teve os objetos que portava roubados mas as circunstâncias indicam claramente que não foi latrocínio (morte seguida de roubo). Tem as ameaças claras feitas por Xavier à vítima até mesmo dentro da casa de Ewerton. Tem um réu preso (Leandro Dias Duarte, 19 anos) que o aponta como mandante e que foi base para a reconstituição do crime. Tem a compra de uma moto por esse réu, que nem emprego tinha, logo depois do assassinato. São muitas as evidências - afirma o promotor.
Ao ser preso, Leandro Dias Duarte afirmou que Xavier seria o mandante do crime. Na reconstituição do homicídio, que durou cerca de 25 minutos, em 4 de maio, ele contou que o crime teria ocorrido por volta das 23h e que teria sido praticado por ele e por um menor de 15 anos, que se recusou a participar da reconstituição.
Leandro demonstrou como parou o carro dirigido por ele e como o adolescente conduzira Ewerton - com uma arma apontada para a cabeça do jovem - até um barranco atrás de uma parada de ônibus, onde o estudante levou dois tiros na cabeça. Leandro teria se ocupado de carregar as roupas e objetos da vítima e de dirigir o veículo.