Correio Braziliense, n. 21680, 26/07/2021. Política, p. 3

Em evento no Brasil, a defesa do sistema eleitoral

Rosana Hessel


Após o vexame internacional da reunião do presidente Jair Bolsonaro (PL) com mais de 70 embaixadores, no último dia 18, quando criticou as urnas eletrônicas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério da Defesa realiza um evento com representantes de 34 países das Américas. Previsto para ocorrer, nesta semana, em Brasília, a XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas (XV CMDA) é o principal fórum entre países das Américas no setor de defesa e segurança.

As eleições brasileiras e o papel das Forças Armadas para a pacificação da população polarizada dificilmente passarão ao largo. Os Estados Unidos, por exemplo, devem reforçar a confiança no sistema eleitoral brasileiro, como fizeram em nota, após a reunião dos embaixadores, e no dia seguinte, por meio do porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price. Nas duas oportunidades, o governo Joe Biden classificou o sistema de votação do Brasil como “modelo para o mundo”.

Na sexta-feira, os EUA confirmaram a presença do secretário de Defesa, Lloyd Austin, na conferência, que é realizada desde 1995. “As delegações discutirão sobre os desafios e as oportunidades regionais compartilhados em uma atmosfera de diálogo aberto e confiança mútua”, destacou o comunicado do Pentágono. Fontes do governo norte-americano informaram que está bem clara a posição da Casa Branca sobre o sistema eleitoral brasileiro.   

A nota do Pentágono informou que Austin participará das discussões hemisféricas sobre dissuasão integrada; defesa cibernética; mulheres, paz e segurança; assistência humanitária; e resposta a desastres. Ele estará em vários encontros bilaterais. “Além disso, apoiará a afirmação do papel dos militares em uma sociedade democrática, incluindo o respeito às autoridades civis, processos democráticos e direitos humanos”, diz.

Amanhã, haverá a Cerimônia Oficial de Abertura, de acordo com o Ministério da Defesa. “A reunião multilateral tem como principal finalidade promover o conhecimento recíproco, a análise, o debate e o intercâmbio de ideias e experiências no campo da defesa e da segurança”, destacou a pasta. No fim do fórum, no dia 28, será assinada a Declaração de Brasília.