O Estado de São Paulo, n. 46792, 27/11/2021. Saúde p.A30

 

Pfizer e AstraZeneca vão testar vacinas contra nova variante

 

O laboratório alemão Biontech, parceiro da Pfizer na produção de vacinas contra o coronavírus, informou ontem que espera ter, em até duas semanas, os primeiros resultados dos estudos que vão determinar se a nova variante do coronavírus, identificada na África do Sul, é capaz de escapar da proteção oferecida pelo imunizante. A farmacêutica anglo-sueca Astrazeneca também disse que conduzirá testes semelhantes.

Segundo a Biontech, essa cepa, chamada de B.1.1.529, "difere claramente das variantes já conhecidas porque tem mutações adicionais na proteína spike". Ainda não há, porém, confirmação científica de que a variante esteja ligada a escape vacinal nem que seja mais transmissível. O ministro da saúde da África do Sul, Mathume Joseph Phaahla, disse que alguns cientistas indicaram que pode ser mais transmissível por causa das mudanças, mas não há indicação de que a variante é mais severa.

A Pfizer e a Biontech têm se preparado para adaptar seu imunizante em menos de seis semanas, caso apareça uma variante resistente ao produto. A entrega das primeiras doses ajustadas, conforme as empresas, poderia ser feita em cerca de cem dias. A Pfizer é um dos quatro imunizantes usados na campanha nacional de vacinação do Brasil, juntamente de Coronavac, Astrazeneca e Janssen.

A Astrazeneca informou nesta sexta que está "esperançosa" de que seu produto vai manter a eficácia contra a nova versão do vírus. Ainda não existem informações sobre o desempenho das outras marcas ante a nova cepa identificada. A farmacêutica disse que vai conduzir testes na Botswana, onde a variante foi originalmente identificada, e em Eswatini (Suazilândia), país que fica dentro do território sul-africano.

 

COQUETEL. A empresa também vai testar a eficácia do seu coquetel de remédios AZD7442 contra a variante. Segundo dados divulgados pela farmacêutica neste mês, esse medicamento é capaz de reduzir em 83% o risco de desenvolvimento de covid-19 sintomática ao longo de um período de seis meses. Para diminuir hospitalizações e mortes, a eficácia seria de 88%.

Segundo a Rede para Vigilância Genômica da África do Sul, a variante já foi identificada em amostras coletadas de 12 a 20 de novembro em Gauteng, Botswana e em Hong Kong, de um viajante sul-africano. "Podemos fazer algumas previsões sobre o impacto das mutações nesta variante, mas ainda é incerto, e as vacinas continuam a ser a ferramenta crítica para nos proteger", disse a instituição. Nesta sexta-feira, o governo sul-africano fará uma sessão de urgência com a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a evolução do vírus.