Correio Braziliense, n. 21683, 29/07/2021. Política, p. 3

Domingo, o dia D para Tebet

Vinícius Dória


A senadora Simone Tebet (MS) venceu com folga, na quarta-feira, as convenções dos partidos que dão sustentação à sua candidatura à Presidência da República — MDB, PSDB e Cidadania. Mas ainda não pode comemorar o sucesso da aliança. As próximas 48 horas serão decisivas para ela, que depende das negociações no Rio Grande do Sul para receber dos tucanos o nome do candidato a vice da chapa. O dia D para que os partidos se entendam é este domingo, quando MDB e PSDB gaúchos farão suas convenções estaduais.

O candidato tucano ao Palácio Piratini, o ex-governador Eduardo Leite, está com a vaga de vice reservada ao MDB, mas as duas legendas ainda não emitiram sinais de acordo. Na prática, sem a coligação no Rio Grande do Sul, a terceira via corre o risco de naufragar, mesmo que a cúpula do tucanato nacional mantenha a aliança com o MDB.

O preferido para compor a chapa de Tebet é o senador Tasso Jereissati (CE), que disse a correligionários que não está disposto a seguir na empreitada. Nomes alternativos, como o das senadoras Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Mara Gabrilli (PSDB-SP), estão sendo testados, mas entusiasmam pouco. Sem Tasso, a ala ligada à cúpula do tucanato defende a indicação do ex-senador José Aníbal para dar peso à chapa.

Dificuldades

Pré-candidato do MDB ao governo gaúcho, o deputado estadual Gabriel Souza protocolou seu nome para disputar a indicação na convenção do partido. O gesto, porém, não é visto como dissidência. Ele e o presidente da legenda, Baleia Rossi (SP), articularam nos bastidores a aprovação de uma moção “em favor da aliança entre o MDB e a federação PSDB-Cidadania no Rio Grande do Sul”.

Em nota, a direção emedebista salienta que “a iniciativa visa ratificar” o acordo nacional formado pelos partidos no sentido de “alinhar uma chapa do centro democrático no estado e no Brasil”. Dessa maneira, Souza passa a ter mais um argumento para abrir mão da candidatura e aceitar a vaga de vice na chapa de Eduardo Leite.

A última pesquisa de intenção de votos para o governo gaúcho, divulgada ontem, reforça a viabilidade eleitoral do ex-governador gaúcho e serve de estímulo para a adesão do MDB. Leite aparece à frente do candidato do PL, o ex-ministro do Trabalho e Previdência Onyx Lorenzoni, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), apesar de estarem tecnicamente empatados — 29% contra 24%, com três pontos percentuais de margem de erro.

O apoio a Leite, articulado pelo coordenador da campanha de Tebet, Germano Rigotto, e pelo ex-senador José Fogaça, também foi defendido por 52 dos 60 prefeitos do MDB no Rio Grande do Sul.

Os principais entraves à aliança vêm do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, que pretende se candidatar à reeleição com apoio de emedebistas históricos. Ele, inclusive, publicou uma carta aberta, na última terça-feira, na qual declara que “abrir mão da candidatura própria é renunciar à nossa história e comprometer o futuro do Rio Grande”. A ala ligada ao bolsonarismo no estado, que tem o ex-ministro Osmar Terra como nome mais conhecido, tem pouca força dentro do MDB para mudar esse quadro.

A última pesquisa DataFolha, divulgada ontem, decepcionou os apoiadores de Tebet, que esperavam ver um avanço mais expressivo da senadora nas intenções de voto. Ela aparece com 2% da preferência do eleitorado, um aumento de apenas um ponto percentual em relação à pesquisa anterior, feita no fim de junho.

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