Título: Deputados criticam Izar
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/09/2005, País, p. A3

Integrantes da CPI dos Correios e do Conselho de Ética criticaram ontem a posição do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), em sugerir que os casos dos 16 parlamentares apontados como beneficiários do mensalão sejam analisados individualmente e que pelo menos cinco deles sejam arquivados pela Mesa Diretora.

- Acho que ele incorreu no erro ao fazer juízo de valor como presidente do Conselho, avaliar se existem provas suficientes ou não. Fez fez exatamente o que eu não quis fazer no relatório - afirmou o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR).

O relator assinou o parecer listando os 16 deputados - além de Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Valdemar Costa Neto (PL-SP), que renunciaram ao mandato.

- Quem ler o meu relatório vai ver que eu esclareço justamente para não incorrer nesse erro, porque o fato de eu pensar de uma maneira, achar que uma pessoa deve ser absolvida, não significa que outro pense da mesma forma. Aquilo que para mim pode parecer irrelevante, que não tem força nenhuma, para outro membro pode parecer de alta relevãncia, completou Serraglio.

O quarto-secretário da Mesa, João Caldas (PL-AL), ligado ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE), ironizou a declaração do presidente do Conselho:

- O deputado Ricardo Izar defende o arquivamento de cinco processos. Parece que só quem não podia falar em arquivamento era o Severino.

Também houve reação à posição de Izar entre os integrantes do próprio Conselho, que apontaram ''prejulgamento'' do deputado do PTB.

- Fico surpreso porque o Conselho de Ética é um colegiado, não pode haver prejulgamentos. Ele se precipitou de alguma maneira. Certamente haverá uma questão de ordem para indagá-lo porque se antecipou - criticou Chico Alencar (PT-RJ).

- Qualquer prejulgamento pode ser ruim no processo, porque quando se faz uma análise, ela pode repercutir sobre a ação. Essa posição nunca foi discutida no Conselho. Foi uma opinião pessoal do parlamentar - comentou Julio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação de José Dirceu (PT-SP).