Título: Cassação vira jogo de empurra
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/09/2005, País, p. A3

A decisão de cassar o mandato ou até mesmo absolver os deputados acusados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão se transformou em um jogo de empurra entre o Conselho de Ética e a Corregedoria da Câmara. Nem o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP) e muito menos o corregedor da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), apelidado de príncipe do baixo clero, querem assumir responsabilidade pelo julgamento e indicação para cassação de seus pares. O jogo ficou claro ontem quando Ricardo Izar fez declarações sugerindo falta de provas. O deputado divulgou uma nota, defendendo processos individuais para cada parlamentar investigado. O texto diz que a Mesa da Câmara e a Corregedoria devem dar um parecer sobre cada um dos 16 deputados, antes de mandar os processos para o Conselho de Ética, com parecer fundamentado nas investigações.

Sem mencionar nomes, ele aponta ausência de provas em ''relação a dois ou três deputados'' dos 16 denunciados como beneficiários do mensalão,

O corregedor da Câmara, Ciro Nogueira, reagiu. Disse que fará apenas um relatório, com referências à situação de cada deputado e não indicará punições.

- Essa polêmica não leva a nada, acho que tem que parar um pouco e cada um fazer o seu trabalho. É isso que estou tentando fazer - disse Ciro Nogueira.

O relator na Corregedoria, Robson Tuma, disse que isso pode adiar o julgamento para o ano que vem.

Mas Izar exigiu que a corregedoria apresente indícios e provas contra os acusados. Um dos possíveis absolvidos seria o deputado Sandro Mabel, do PL, acusado pela deputada federal tucana Raquel Teixeira (PSDB/GO), de tentar suborná-la para trocar de partido.

- O processo dele vai continuar por mais 15 dias.. Até agora não encontramos nenhuma irregularidade. O relator é que está analisando. Se não encontrar prova, indício nenhum, ele vai sugerir absolvição. Acho que a Corregedoria precisa ter a coragem de enviar processo por processo, com parecer, para o Conselho de Ética. E se precisar arquivar, ele que arquive. Não transfira o ônus para nós do conselho - afirmou Ricardo Izar.

Segundo Izar, ''muita gente está falando demais nesse processo''.

- Temos que ter mais tranqüilidade - reagiu o deputado Ciro Nogueira.

Ontem, foi a vez de o PL apresentar ao Conselho de Ética pedido de retirada da representação que fez contra o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). A expectativa é de que o conselho não aceite o pedido pois já iniciou o processo contra o deputado. Em depoimento à Corregedoria, Queiroz negou a participação no mensalão:

- A SMPB colocou R$ 350 mil à disposição do PTB nacional, que foram sacados pelo coordenador do PTB José Hertz Cardoso - disse o parlamentar.