Título: Dornelles é alternativa
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/09/2005, País, p. A4
Na linha de um difícil ''consenso'', a candidatura mais visível é a do deputado Francisco Dornelles (PP-RJ). Ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, Dornelles não fez oposição a Lula é um dos mais experientes deputados da Câmara, no quinto mandato.
Dornelles ainda é visto no Planalto como reserva importante, se o nome de Aldo Rebelo não deslanchar até a véspera da eleição.
Os votos do baixo clero serão disputados pelos dois pólos, mas a forma como Aldo Rebelo foi lançado provocou uma reação inicial desfavorável ao governo. Apenas o PC do B e o PSB, dentre os aliados, participaram do movimento pró-Aldo.
- O nome do Aldo, imposto dessa maneira, foi um erro, disse o deputado João Caldas (PL-AL), que também é candidato. ''Ainda não há consenso na base e o governo tomou sua decisão sem nos consultar.
Michel Temer e José Thomaz Nonô vão avaliar suas próprias perspectivas em conversas com Caldas e outros candidatos de partidos médios, como Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI). O PSDB pode reavaliar o apoio a Nonô, dependendo da maior viabilidade de Temer ou mesmo de outro nome que não seja aliado ao governo, disse um vice-líder tucano.
Nonô foi lançado com o apoio formal do PSDB e do PFL, que têm cerca de 100 dos 513 deputados. Se vencer, Nonô abre a vaga de primeiro vice-presidente, que ocupa atualmente, para uma composição com outro partido.
Temer esperava contar com o apoio do Planalto e com a unidade do PMDB (87 deputados), o que poderia garantir sua eleição em primeiro turno. O projeto foi frustrado porque, além de não ter o apoio de Lula, Temer perderá para Aldo Rebelo os votos de parte da bancada do PMDB.
Arlindo Chinaglia (PT-SP) anunciou sua desistência em favor de Aldo no final da tarde de quinta-feira, num movimento combinado com o Planalto, segundo dois ministros políticos ouvidos pela Reuters.
O Planalto, de acordo com essas fontes, não se iludiu com a remota hipótese de eleição de um deputado petista, mas assim mesmo estimulou o PT a apresentar um candidato.
Do contrário, analisam essas fontes, o partido estaria aceitando publicamente um veto da oposição ao seu direito de disputar a presidência da Casa.
A manobra foi consumada mas gerou insatisfações no próprio PT e afastou a possibilidade do apoio do grupo do PMDB ligado a Michel Temer.
A cristalização de uma disputa política, pautada pelas eleições de 2006, além de afastar uma saída ''de consenso'', reduz as chances de uma candidatura do chamado ''baixo clero'', responsável pela vitória de Severino em fevereiro.
Com agências