Título: Maurício esquece PDT e busca PMDB
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 24/09/2005, Brasília, p. D3

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Maurício Corrêa anunciou ontem que não se filia mais ao PDT. Seu ingresso no partido estava marcado para o próximo dia 28, mas ele recuou assim que foi confirmada a filiação do senador Cristovam Buarque ao partido de Leonel Brizola. Corrêa alega que não pode entrar em um partido impossibilitado de manter-se alinhado com o grupo do governador Joaquim Roriz em âmbito do DF. Até o final da próxima semana, prazo limite para filiações, o ex-ministro deve ingressar no PMDB. Com um possível lançamento do senador à presidência da República pelo PDT no ano que vem, a grande dificuldade seria colocar Cristovam e Roriz em um mesmo palanque. Os dois são históricos inimigos políticos.

Outra preocupação de Maurício Corrêa é a verticalização. Caso se mantenha a regra de que as alianças em âmbito nacional devem nortear as coligações regionalmente, Roriz seria obrigado a fazer uma coligação branca com o ex-ministro sob a hipótese real de PMDB e PDT lançarem candidatos próprios ao Palácio do Planalto - no caso, é claro, de ser Maurício o escolhido para a sucessão ao GDF.

Cresce entre os aliados do governador a idéia de que, maior cabo eleitoral do DF, ele abrace a candidatura de Corrêa, fora da política desde que terminou seu mandato de senador, em 1994, pelo PDT. A sinalização vem dos trabalhos nos bastidores, iniciado há meses, para vitaminar o então partido destino de Maurício Corrêa. Fiel integrante do grupo rorizista, o ex-presidente da Terracap Eri Varella passou a coordenar as articulações. Ele próprio se filiaria ao PDT e, segundo fontes, o ex-deputado federal Jofran Frejat, recém-saído do PP, também entraria na legenda.

No início do ano, em um encontro entre o governador Joaquim Roriz e os presidentes nacional, Carlos Lupi, e regional, Georges Michel, intermediado por Corrêa, ficou acertada a participação do PDT no governo. Segundo o próprio Maurício, a sigla já tem aproximadamente 10 cargos na máquina, e negociava duas administrações e uma secretaria.

Em seu escritório, no Lago Sul, Maurício justificou ontem que não entrará no PDT pela impossibilidade de permanecer em um partido onde houvesse obstáculos para apoiar Roriz. Afirmou que está sem partido e que ''aceita'' um possível convite do PMDB.

No entanto, a entrada do ex-ministro deverá contrariar os planos do secretário da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli, atual presidente regional do PMDB. Filippelli também disputa a indicação de Roriz pela candidatura ao GDF. Ele afirma que não foi consultado sobre a possível filiação.

Questionado sobre a disputa interna que pode ser travada com sua filiação, Corrêa afirmou que pretende se filiar pelo menos para ter a chance de disputar o Buriti.

- Se a hipótese ocorrer é um problema do PMDB. Eu me filiaria sem impor condições - disse.