Título: Cristovam em ritmo de campanha
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/09/2005, Brasília, p. D3

No lado esquerdo do paletó, o broche com o desenho da mão segurando a rosa já era ostentada no mesmo lugar por onde 15 anos esteve a estrela do Partido dos Trabalhadores. De cima do palco que dividia com os principais nomes do Partido Democrático Trabalhista, o senador Cristovam Buarque foi recebido como ''o renascer da esperança'', como disse o presidente regional do PDT de Pernambuco, José Queiroz. O clima era de lançamento de candidatura à Presidência da República em 2006. O ex-governador do DF, no entanto, preferiu ser cauteloso. A idéia, segundo ele, é começar a trabalhar em uma ampla frente de esquerda - aglomerando PPS, PV, PHS, PMN, PSol e até mesmo PCdoB e PSB, que hoje fazem parte da base aliada do governo Lula. A frente deverá ser repetida no DF.

- Se o PT quiser vir não haverá nada contra. Mas, para isso, deve trazer um projeto nacional não apenas de continuidade sobre o que vem do passado - disse o senador, já apresentando proposta para viabilizar a união suprapartidária: construir uma ponte entre os trabalhadores sindicalizados e a população socialmente excluída.

Ele destaca que, neste projeto, seu nome pode não necessariamente emergir em uma das chapas.

- O nome de Roberto Freire [presidente nacional do PPS]é mais conhecido no Brasil do que o meu - avaliou. Ao ser perguntado sobre uma possível chapa conjunta, desconversou: ''aí é pernambucano demais na mesma chapa'', brincou.

Além de Cristovam, filiaram-se ontem ao partido os deputados federais André Costa (RJ), ex-PT, Sérgio Miranda (MG), ex-PCdoB, e Wagner lago (MA), ex-PP, e outras lideranças. Ao lado das diversos pedetistas que eram convidados pelo presidente Carlos Lupi para subir no palco, um quadro com a foto do ex-líder gaúcho Leonel Brizola fazia presente o ex-governador do Rio Grande do Sul. Falecido há pouco mais de um ano, Brizola esteve nos discursos de todos os que apostavam na nova fase do partido.

A solenidade contou com a presença de parlamentares de outras legendas, como o senador Paulo Octávio, presidente regional do PFL que passou rapidamente por lá, e o deputado distrital Chico Floresta, do PT. A presença do petista aguçou as especulações sobre uma possível filiação ao PDT, mas ele prontamente garantiu que estava no evento representando a Câmara Legislativa, onde é vice-presidente. Há poucas semanas o grupo de apoio a Floresta ameaçou abandonar o PT, mas por enquanto ele diz que fica.

Carlos Lupi reafirmou a proposta de uma grande chapa unificada de esquerda como a maior arma para derrubar o PT do Palácio do Planalto. Com a filiação de dois ex-petistas, a cúpula do PDT sentiu-se à vontade para soltar duras críticas ao presidente Lula e ao partido a quem, agora, fazem oposição.