Valor Econômico, v. 20, n. 4881, 16/11/2019. Política, p. A10

No Recife, alternativa à candidatura própria é uma aliança com o PSB

Marina Falcão


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início às discussões sobre a disputa para a Prefeitura do Recife no próximo ano. Em visita ontem à capital pernambucana, onde participou de um festival de cultura, Lula almoçou com aliados do PSB e jantou com correligionários na casa da deputada Marília Arraes (PT), sinalizando que a candidatura da petista está na mesa.

No PSB, no entanto, há expectativa de que haja acordo entre os partidos em torno da candidatura de João Campos (PSB) filho do ex-governador Eduardo Campos, primo de Marília. Se isso acontecer, será a segunda vez que Marília terá sua candidatura rifada. Em 2014, a deputada desistiu em troca da neutralidade do PSB nas eleições presidenciais.

Carlos Siqueira, presidente do PSB, diz que a definição sobre as alianças para Prefeitura do Recife deve ocorrer mais à frente, mas que espera um acordo com o PT. O PSB está no comando da capital pernambucana desde 2013, com o prefeito Geraldo Júlio. Siqueira diz que o partido busca “reciprocidade onde apoiamos e onde queremos apoio”, mas que as costuras ainda estão sendo amadurecidas. “A dinâmica tem sido muito intensa, há um sistema político em crise, tem que ter muito cuidado, as pessoas não têm acertado, sobretudo no aspecto eleitoral”, afirma.

Em almoço Lula encontrou a viúva de Eduardo Campos, Renata, João Campos e Geraldo Júlio. O governador Paulo Câmara (PSB), que estava em viagem internacional, foi representado pela vice-governadora Luciana Santos (PCdoB).

O senador Humberto Costa diz que o partido ainda vai estabelecer as diretrizes gerais para as eleições. Ele diz que é “muito difícil” dizer se haverá ou não aliança com o PSB no Recife, mas que, no diretório municipal, há uma maioria muito expressiva de forças que defendem a manutenção da relação que o PT tem com PSB. “Mas isso não significa necessariamente uma aliança”, diz Costa.

Para o senador petista, a única coisa certa é que a libertação de Lula ajudará a impulsionar as candidaturas de esquerda, principalmente no Nordeste. Costa diz que a prioridade de Lula no momento é provar a sua inocência na Justiça. O senador participou do jantar na casa de Marília Arraes, onde estiveram presentes 20 petistas.

Em Natal, uma candidatura de esquerda capitaneada pelo PT é mais provável devido a atuação da governadora Fátima Bezerra (PT). O principal nome petista é o da deputada federal Natália Bonavides, que surpreendeu nas eleições passadas ao se eleger para a Câmara com votação expressiva. O seu suplente é Fernando Mineiro, também do PT, então o partido não tem nada a perder apostando na candidatura da deputada. Ela deve enfrentar o atual prefeito Álvaro Costa Dias (MDB) que tentará reeleição. O PSB, pouco expressivo no Estado, pode ficar dividido entre essas duas candidaturas.

Em João Pessoa, o PSB também deve ser protagonista. O partido governa o Estado desde 2011. Siqueira dá como certo um candidato próprio na capital, hoje comandada por Luciano Cartaxo (PV). Antes de definir um nome, no entanto, o partido, precisa resolver um racha interno entre um grupo aliado ao ex-governador Ricardo Coutinho e outro ligado ao atual governador João Azevedo. “É muito cedo ainda para apontar nomes, há mais de um pré-candidato sendo cogitado”, afirma Siqueira.