Valor Econômico, v. 20, n. 4881, 16/11/2019. Política, p. A10

Ex-presidente sugere deputada estadual para concorrer em BH

Marcos de Moura e Souza


Um ano depois de ter perdido o governo de Minas Gerais, o PT busca um nome para disputar a Prefeitura de Belo Horizonte. O partido precisará de alguém capaz de fazer frente ao atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Alexandre Kalil (PSD), que aparece em pesquisas recentes como favorito.

Pelo menos três nomes estão em jogo no campo petista: os dos deputados estaduais André Quintão e Beatriz Cerqueira; e o do deputado federal Rogério Correia. Dos três, Beatriz tem uma vantagem: a simpatia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Poucos dias antes de deixar a prisão na sede da Polícia Federal em Curitiba, Lula, em entrevista à “Agência Pública”, fez comentários sobre as eleições municipais de 2020 e, ao mencionar Belo Horizonte, disse: “Eu me encanto com uma professora que tem em Minas Gerais, a Bia [Cerqueira], que foi presidente da UTE [Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais]. Acho ela extraordinária. Seria novidade, seria uma mulher, inteligente, bonita, boa de briga”, disse Lula.

Aos 41 anos, Beatriz é novata na carreira política. Está em primeiro mandato como deputada estadual, mas, por anos, foi a líder sindical de maior visibilidade do setor de educação em Minas. Ela diz que seu nome está à disposição, mas que a eventual indicação para a disputa em 2020 teria de ser fruto de uma escolha coletiva.

“Para mim, mais do que sugerir um pré-candidato, o recado que Lula quis passar é que o PT precisa disputar um projeto para Belo Horizonte e que tem lideranças que podem entrar na disputa - eu entre elas”, diz, mineiramente, Beatriz. Petistas de Minas não têm dúvidas de que a indicação de Lula terá peso na escolha do nome que disputará a capital mineira.

Na entrevista à “Pública”, Lula afirmou que o primeiro nome para Belo Horizonte deveria ser o de Patrus Ananias - ex-ministro, ex-prefeito de Belo Horizonte e atual deputado federal. Mas Lula sabe que Patrus não quer a posição.

“Não sou candidato. Fico honrado, mas está na hora de pensarmos em novos nomes”, diz Patrus. O ex-prefeito defende a indicação de Quintão, deputado em quinto mandato com atuação em causas sociais. Quintão aposta na força de Lula como polo de mobilização pelos municípios. “A presença dele na campanha de 2020 amplia a capacidade de articulação e anima a militância de esquerda”, diz Quintão, sintetizando a opinião que parece unânime no partido.

Rogério Correia, outro cotado para a prefeitura é um nome experiente da esquerda de Minas.

O partido viu o então governador Fernando Pimentel (PT) sequer ir para o segundo turno em sua tentativa de reeleição. Viu a ex-presidente Dilma

Rousseff ser rejeitada nas urnas e ficar de fora da vaga pretendida no Senado. E viu os mineiros dando vitória a Jair Bolsonaro e não a Fernando Haddad. Uma opção que é considerada por setores do PT de Minas é simplesmente não lançar candidato. A ideia não tem a simpatia de Lula. Mas quem leva em conta a hipótese já tem um nome: a deputada federal pelo Psol Áurea Carolina. Jovem, negra, militante, feminista, ela foi a vereadora mais votada em 2016 de Belo Horizonte e uma das mais votadas pelos mineiros para deputada federal em 2018. Áurea anima o Psol e parte da esquerda belo-horizontina. Mas ainda não se posicionou publicamente sobre a possibilidade de se candidatar.