Título: Em oito meses, fiscais apreendem 2.100 animais
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 25/09/2005, Brasília, p. D4

Só esta semana o Ibama recolheu 76 pássaros e aplicou R$ 32,5 mil em multas. Foram três operações, todas desencadeadas a partir de denúncias do Linha Verde (0800-618080). De janeiro até agora, foram mais de 2,1 mil animais, sendo que cerca de 1,5 mil , são aves. - Quando a fiscalização chega se depara com as mais diferentes reações. Tem gente que chora, diz que os bichos são dos filhos, que mantêm os animais na gaiola porque gostam do canto. Mas também têm aqueles que ficam bravos. Por isso temos que andar com uma equipe grande para evitar conflitos - explica Antônio Wilson Pereira da Costa, chefe da fiscalização do Ibama-DF.

Das 76 aves apreendidas na última semana, 70 puderam ser devolvidas à natureza, pois tinham sido capturadas há poucos dias e ainda apresentava características silvestres. Mas nem isso é garantia de que sobreviverão.

Equilíbrio - Isso porque cada ambiente tem a quantidade exata de animais e plantas que pode absorver. Em outras palavras, tanto a retirada, quanto a reintrodução de animais no ecossistema podem ter impactos negativos.

A professora Janine Felfili, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), cita o exemplo dos tucanos.

- O tucano é um predador de pequenos pássaros. Se você retira esses predadores, haverá um aumento da população de passarinhos menores. Com isso, vai faltar comida para esse grupo que vai atacar de forma intensa as plantas que produzem seu alimento, causando um desequilíbrio em todas as outras cadeias - exemplifica.

Do mesmo modo, a reintrodução de novos animais pode causar prejuízos. Janine explica que se o ambiente estiver em equilíbrio, vai haver conflito. Ou o animal novo preda o antigo para ter o seu espaço ou vai acabar sendo morto por quem já está naquele ambiente.

- Se o animal reintroduzido não perdeu as características silvestres ainda tem chance de competir. Caso contrário, será eliminado. Outro problema é o risco de disseminação de doenças. Por isso existe resistência em soltar animal apreendido em unidade de conservação - diz.