Título: Menos bichos, menos verde
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 25/09/2005, Brasília, p. D4

Livres na natureza cada bicho tem o seu papel. O beija-flor, por exemplo, é fundamental para a polinização de certas espécies de plantas, como por exemplo, o mulungu. - Esta árvore tem uma flor pontuda que só o bico do beija-flor consegue alcançar. Passarinhos menores ou borboletas não conseguem fazer a polinização. Portanto, se você retira muitos beija-flores desse ambiente, faltarão polinizadores e essas plantas ficarão ameaçadas de extinção naquela área - explica Janine Felfili

Muitas espécies são responsáveis pela disseminação de sementes. A cutia, por exemplo é um pequeno roedor que vive nas matas e capoeiras, de onde saem à tardinha para comer frutos e sementes caídos das árvores.

Um desses alimentos é a castanha-do-pará, cujo fruto é quebrado e enterrado pelas cutias. Muitas vezes, elas se esquecem onde esconderam a castanha e estas germinam dando origem a novas árvores.

- Se as cutias deixarem de existir ou for retiradas em grande quantidade da natureza, dificilmente outro bicho vai conseguir quebrar o fruto. Se não quebra, se a semente não é enterrada, o surgimento de novas espécies fica comprometido a longo prazo. Como se vê, na natureza tem o predador e o predado. E cada bicho tem a sua função no ambiente em que vive. Qualquer alteração provoca o desequilíbrio - reforça Janine.

Lobo-guará - Na região do DF, existe uma grande preocupação dos ambientalistas em relação ao lobo-guará, onças, jaguatiricas e veados. Estes são animais de grande porte que precisam de áreas maiores para viver. Como 70% do cerrado brasileiro foram devastados, faltam espaço e alimentos.

- Em Brasília temos apenas três reservas maiores onde eles podem viver. O Parque Nacional de Brasília, a Reserva Ecológica de Águas Emendadas e a Área de Proteção Ambiental Gama/Cabeça de Veado. No restante da região a sobrevivência da espécie está ameaçada - revela a professora.