Título: Planalto começa a contar os votos
Autor: Sergio Pardellas e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 27/09/2005, País, p. A2

A contabilidade do apoio que decidirá se governo ou oposição escolherão o novo presidente da Câmara movimenta o Congresso. Para o governo, todos os esforços são válidos para eleger Aldo Rebelo (PC do B-SP). No PT, apesar das resistências históricas do partido ao comunista, que transformaram em um inferno a passagem de Aldo no Ministério da Coordenação Política, o governo espera contar com aproximadamente 70 votos. O PSB vai repassar os 21 votos, o PCdoB os 10 votos da bancada e os dois do PTB. No fim das contas, a soma rende pouco mais de 140 votos.

- Não estamos contando com os votos fisgados no PL, PP e PDT - empolga-se um aliado de Aldo.

A ala situacionista do PMDB faz questão de explicitar publicamente seu apoio irrestrito ao candidato do governo. No partido, o Planalto contabiliza de 35 a 40 votos. A elaboração do documento estava sendo articulada ontem pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) e pelo senador José Sarney (PMDB-AP).

Numa demonstração de força, Aldo ontem deu entrevista ao lado de seu staff

de campanha: os líderes aliados Henrique Fontana (PT-RS), Renato Casagrande (ES) e Renildo Calheiros (PCdoB-AL). O candidato governista não se incomoda com o carimbo do Planalto e com o currículo de ex-líder do governo e de ministro da Coordenação Política.

- Eu tenho um currículo bem maior do que esse . Estou nesta Casa há quase 16 anos e os parlamentares conhecem minha história, minhas posições, meu desejo de diálogo e negociação - declarou o ex-ministro.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a dizer ontem que tentou ampliar o apoio à candidatura de Michel Temer (PMD-SP) à Presidência da Câmara, mas ''infelizmente'' isso não aconteceu. Ele sugere que a candidatura do sucessor de Severino Cavalcanti seja construída de forma ''coletiva'', reunindo outros partidos. Contou ter conversado ''umas duas vezes'' com legendas como o PFL, o PSDB e o PT sobre a possibilidade do consenso na escolha da nova presidência da Casa.

- Quero que se eleja presidente da Câmara alguém que esteja à altura da instituição. Se a candidatura (de Michel Temer) é para qualquer hipótese, vai ser levada a ferro e fogo, sem ampliar o horizonte, isso não é problema meu - concluiu o presidente do Senado.

Com agências