Título: Cargos e verbas para garantir vitória de Aldo Rebelo
Autor: Sergio Pardellas e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 27/09/2005, País, p. A2

Para evitar incorrer nos mesmos erros cometidos durante as últimas eleições à presidência da Câmara, em fevereiro, o Palácio do Planalto resolveu entrar de corpo e alma na campanha do deputado Aldo Rebelo (PCdoB). Ministros das pastas mais dotadas de verbas e cargos a serem distribuídos foram acionados na caça aos votos dos indecisos. Apesar de os aliados estimarem que a candidatura do ex-ministro teria fôlego de 180 votos, ontem, durante a reunião da Coordenação Política do governo, o presidente Lula pediu empenho total de ministros e líderes da base governista para assegurar o triunfo de Aldo ainda no primeiro turno. Na pior das hipóteses, já seria uma maneira de antecipar a campanha para a segunda e definitiva etapa das eleições.

- Com esforço na reta final dá pra ganhar (no primeiro turno). Caso contrário, acumulamos gordura para o segundo - teria dito Lula, de acordo com um dos ministros presentes à reunião.

Na tarde de ontem, os ministros da Coordenação Política, Jaques Wagner, e da Casa Civil, Dilma Roussef, dispararam telefonemas a parlamentares numa tentativa de virar votos em favor de Aldo.

Nas projeções do governo, Aldo já teria votos suficientes para chegar ao segundo turno. Para ganhar no primeiro, no entanto, teria que, além de consolidar os apoios de PSB, PC do B e PT, seduzir parte da bancada de PL, PP e PTB. Não à toa, emissários do governo, entre eles o ex-ministro e deputado Eduardo Campos (PSB-PE), insistiram ontem para que o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) prescindisse de sua candidatura.

- Se o Ciro desistir, o Aldo fatura de cara - avalia um ministro do governo.

De acordo com um ministro do núcleo político do governo, o que faltaria para a candidatura de Aldo ''decolar'' seria justamente o empenho da base de apoio ao governo. Embora acredite que a situação do comunista seria numericamente confortável, o Planalto acha que a campanha governista ainda perde na batalha das idéias. Para o governo, a candidatura ainda carece de mobilização. O presidente Lula, por exemplo, gostaria de ver os aliados lançando luz sobre a biografia e história política de Aldo.

- Ainda falta aquele empenho. Falta subir à tribuna e ressaltar as qualidades de Aldo. Ele está carimbado como candidato do governo mas tem um nome, uma biografia que precisa ser ressaltada - disse ontem um auxiliar do presidente.