Valor Econômico, v. 20, n. 4884, 21/11/2019. Brasil, p. A8
Salles vai à CoP em busca de recursos para preservação
Rafael Bitencourt
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou ontem que vai à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (CoP-25), marcada para o início de dezembro, em Madri, com a missão de assegurar recursos para a preservação do meio ambiente em países como o Brasil. Segundo ele, essa posição foi fechada com os governadores dos
Estados que formam a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão).
“A posição brasileira é no sentido de que é necessário - já há muito tempo, mas agora ainda mais necessário - que os recursos em volume compatíveis com o desafio de preservação da Amazônia passem a fluir para os países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil”, disse Salles. Ele frisou que, na CoP-25, vai querer saber qual será a participação do Brasil nos US$ 100 bilhões prometidos aos países em desenvolvimento.
O encontro de ontem com os governadores ocorreu dois dias após o alerta oficial de aumento do desmatamento na Amazônia, no período de 12 meses. Em resposta a dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ministro do Meio Ambiente apresentou as linhas gerais da estratégia que será adotada pelo governo em articulação com os Estados da região.
O ministro se limitou a apresentar ações de preservação que já vinha defendendo, mas fez questão de reafirmar sua aposta na eficácia das medidas. “Nossa expectativa é reduzir o desmatamento ilegal da Amazônia já para o Prodes [Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite] do próximo ano”, disse.
Para Salles, o combate ao desmatamento se dará em cinco frentes que levantam a bandeira do “ambientalismo de resultado”, descrita pelo próprio ministro como o meio de buscar o desenvolvimento sustentável da Amazônia de forma mais efetiva que as políticas dos governos anteriores.
As iniciativas envolvem a regularização fundiária, o incentivo a projetos de bioeconomia, o zoneamento ecológico-ambiental (ZEE), a monetização da preservação e o fortalecimento do combate às atividades ilegais na Amazônia.
Na segunda-feira, o Inpe indicou aumento de 29,5% dos desmatamentos entre agosto de 2018 e julho de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar da expectativa positiva com relação ao freio na devastação das florestas, Salles preferiu não fazer projeções. “Percebemos que mais importante do que estabelecer metas numéricas é estabelecer uma estratégia, em que o primeiro item é o alinhamento do governo federal com o Estados”, afirmou.
Apesar da expectativa positiva com relação ao freio na devastação das florestas, Salles preferiu não fazer projeções. “Percebemos que mais importante do que estabelecer metas numéricas é estabelecer uma estratégia, em que o primeiro item é o alinhamento do governo federal com o Estados”, afirmou.
Ao responder à imprensa, Salles rejeitou a ideia de que o Brasil chegará à CoP-25 sem alcançar as metas voluntárias. “Não concordamos que o Brasil não está indo bem nas suas metas. Ao contrário, o Brasil está indo bem, já avançou muito na redução do desmatamento”, disse o ministro, ressaltando que considerou o ano-base de 2005, e não a análise de ano a ano feita pelo Prodes. Ele acrescentou que o Brasil está “indo bem” na redução das emissões de gases de efeitos estufa e em “todos os aspectos” de modo geral.
Salles disse que serão destinados R$ 230 milhões do fundo constituído com verba da Petrobras recuperada na Lava-Jato para reforçar as ações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia.