Correio Braziliense, n. 21708, 23/08/2022. Política, p. 4

Ministro quer nomes que ameaçam STF



O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, ontem, que a Polícia Federal identifique os membros de um grupo da rede social Telegram chamado Caçadores de Ratos do STF. A corporação tem até 15 dias para apresentar um relatório à Corte com os nomes dos responsáveis. Entre os participantes do grupo estava Ivan Rejane Fonte Boa Pinto — preso em julho, em Belo Horizonte (MG), por ameaçar os magistrados do STF.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo tinha 159 participantes. A Polícia também deverá analisar o teor das mensagens trocadas na plataforma. O material foi descoberto após a PF apreender o celular e o computador de Ivan Rejane.

 A investigação apontou que ele participava de grupos e listas de transmissão nas quais interagia com outros apoiadores, com a “intenção de potencializar o compartilhamento dos vídeos, imagens e textos produzidos, na maioria das vezes, com conteúdo criminoso, proferindo ofensas, intimidações, ameaças e imputando fatos criminosos a ministros do STF e integrantes de partidos políticos à esquerda do espectro ideológico”.

Moraes acatou a recomendação para identificar os participantes. “Diante do exposto, acolho a manifestação da Procuradoria-Geral da República e determino que sejam os autos encaminhados ao delegado de Polícia Federal Fábio Alvarez Shor para que, no prazo de 15 dias, realize a análise do teor de mensagens trocadas e identifique todos os integrantes do grupo no Telegram Caçadores de ratos do STF”, determinou o ministro.

Vídeo provocador

Em julho deste ano, Ivan Rejane publicou um vídeo nas redes sociais intitulado 7 de Setembro de 2022 no qual, além de ameaçar ministros do Supremo, declara que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve andar “armado até o talo” porque ele e a direita “vão caçar ele e Gleisi Hofmann (presidente do PT)”. Ele também ameaça o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) e diz que os integrantes do Supremo devem sair do Brasil.

O investigado tem 46 anos, foi candidato a vereador em Belo Horizonte em 2020, quando teve 189 votos. Ele se apresenta como “terapeuta” para dependentes químicos e mantém um canal no YouTube. No entanto, seus vídeos são repletos de xingamentos e ofensas a políticos de esquerda, a quem ele associa ao narcotráfico, e os ministros do STF, que, segundo ele, “mandam soltar esses vagabundos”. (LP)