Valor Econômico, v. 20, n. 4885, 22/11/2019. Política, p. A14

Joice deve assumir diretório paulistano e pavimentar pré-candidatura em SP

Cristiane Agostine



A provável suspensão do deputado Eduardo Bolsonaro da presidência do diretório do PSL estadual de São Paulo abre espaço para a pré-candidatura da deputada federal Joice Hasselmann à Prefeitura de São Paulo. Sem Eduardo no comando partidário, Joice assumirá o diretório da capital paulista e deverá contar com o apoio do deputado federal Julio Bozzella, futuro presidente da seção paulista do partido, para disputar a eleição em 2020.

O PSL pretende destituir Eduardo do cargo na próxima semana, em reunião da Executiva nacional do partido. A legenda usará a articulação do Aliança pelo Brasil pela família Bolsonaro como justificativa para afastar o parlamentar e trocar todo o comando do PSL-SP. O filho do presidente resiste à indicação de Joice ao governo municipal.

O grupo que se articulava para comandar o PSL na cidade de São Paulo com o respaldo de Eduardo Bolsonaro migrará em peso para a Aliança Pelo Brasil. O presidente do Movimento Direita São Paulo, Edson Salomão, que seria o presidente do diretório paulistano do PSL, é agora um dos articuladores do novo partido dos Bolsonaro e pretende assumir a função na futura legenda. Na segunda-feira, Salomão pediu a desfiliação do PSL e pretende levar para o Aliança com integrantes de movimentos conservadores.

A futura legenda dos Bolsonaro ainda não tem um nome forte para disputar a Prefeitura de São Paulo. Um dos cotados por Eduardo Bolsonaro era o deputado estadual Gil Diniz, conhecido como Carteiro Reaça, mas sua pré-candidatura ficou queimada depois que o parlamentar foi acusado de participar de um esquema de “rachadinha” na Assembleia, em seu gabinete. O caso está sob investigação do Ministério Público de São Paulo. O apresentador José Luiz Datena, outro nome cogitado por Eduardo, tem sinalizado que não concorrerá com o apoio do presidente da República Jair Bolsonaro.

A criação do partido pelos Bolsonaro deve dividir a bancada paulista do PSL na Câmara. Dos nove parlamentares eleitos, apenas os quatro deverão permanecer na atual legenda: Junior Bozzella, Joice Hasselmann, Abou Anni e Coronel Tadeu. Esses quatro parlamentares deverão compor a futura Executiva do PSL estadual de São Paulo.

Os deputados federais Carla Zambelli, General Peternelli, Guiga Peixoto, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, além de Eduardo Bolsonaro devem migrar para o Aliança.

Já na Assembleia paulista, o clima é de incerteza entre os parlamentares. Dos 15 deputados, apenas dois já afirmaram que migrarão com certeza:
Gil Diniz, ligado a Eduardo Bolsonaro e líder do PSL na Alesp, e Douglas Garcia. Frederico d’Avila, Valéria Bolsonaro, Major Mecca e Coronel Nishikawa também cogitam acompanhar a família Bolsonaro no novo partido, mas ainda há dúvidas sobre a viabilidade do Aliança pelo Brasil.

Em primeiro mandato, os parlamentares estaduais do PSL têm receio de migrar para um partido sem estrutura, sem dinheiro e não conseguirem disputar a reeleição. Há ainda o temor de perder o mandato. O deputado Adalberto Freitas afirmou que a bancada está aguardando a criação da legenda para depois decidir o que fará. “Nenhum parlamentar vai sair se não tiver segurança jurídica”, disse.