O Globo, n. 32664, 11/01/2023. Política, p. 9

Ape­nas nove sena­do­res votam con­tra inter­ven­ção no DF

Jussara Soares
Lucas Mathias


Aprovado ontem no Senado com ampla maioria, o decreto de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teve somente nove votos contrários, todos de senadores bolsonaristas. Um dos opositores à medida foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente e que buscou desvincular do pai a responsabilidade pelos atos terroristas na Praça dos Três Poderes, no domingo.

Dos 81 senadores, 70 participaram da sessão extraordinária de forma presencial ou remota. Ao votar de forma remota, Flávio pediu a individualização dos crimes e disse que quer participar da comissão que acompanhará as investigações dos atos terroristas, para que não seja transformada em um palanque político. Ele tem atuado como uma barreira de contenção diante das críticas direcionadas ao seu pai, Jair Bolsonaro.

— Não queiram criar essa narrativa mentirosa como se tivesse alguma vinculação de Bolsonaro a esses atos irresponsáveis. O presidente Bolsonaro, após o resultado das eleições, ficou em silêncio, se recolheu e está lambendo as feridas. Não é essa expressão que muitos estão usando ai? É o que eles está fazendo, praticamente incomunicável, então é importante fazer esse registro — defendeu.

Além do filho de Bolsonaro, senadores de PL, Podemos, PP e PSDB também se manifestaram de forma contrária à intervenção federal. São eles Styvenson Valentim (Podemos-RN), Plinio Valério (PSDB-AM), Carlos Portinho (PL-RJ), Eduardo Girão (Podemos-CE), Carlos Viana (PL-MG) , Luís Carlos Heinze (PP-RS), Zequinha Marinho (PL-PA), e Espiridão Amin (PP-SC).

Na abertura da sessão extraordinária o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu a responsabilização de financiadores, organizadores e “agentes públicos dolosamente omissos”:

— Essa minoria extremista será identificada, investigada e responsabilizada, assim como seus financiadores, organizadores e agentes públicos dolosamente omissos.