O Estado de São Paulo, n. 46823, 28/12/2021. Política p.A10

 

Lula e Alckmin podem fazer campanha em dois palanques em São Paulo

Eleições 2022


Proposta é discutida diante do impasse entre PT e PSB, que não abrem mão de lançar candidatos próprios no Estado

 

Pedro Venceslau

 

Diante do impasse nas negociações para que PT e PSB estejam juntos no palanque do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, dirigentes dos dois partidos já admitem que uma eventual chapa do petista com Geraldo Alckmin de vice pode levar a uma situação inusitada em São Paulo. Como o PT insiste em lançar Fernando Haddad ao governo paulista e o PSB não abre mão da candidatura de Márcio França, a solução, caso não haja acordo nacional entre os dois partidos, seria Lula fazer campanha com Haddad e Alckmin subir no palanque de França.

Por esse raciocínio, que agrada a pessebistas e petistas ouvidos pela reportagem, todos sairiam ganhando. Há no PT, porém, quem defenda que Alckmin se filie a outro partido para ser vice de Lula, sendo o PV e o Solidariedade opções – ambos já sinalizaram interesse na filiação do ex-tucano.

Segundo relato de participantes, na última reunião entre Lula e o PSB, na semana passada, um acordo chegou a ser colocado na mesa: em maio de 2022 os partidos fariam uma pesquisa qualitativa em São Paulo para saber quem estaria melhor colocado, Haddad ou França. E o pior colocado abriria mão da candidatura.

Há, porém, desconfiança dos dois lados em relação a esse cenário. Procurado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que a candidatura de França "está colocada". "Se for prejudicial para a esquerda, então tira a do Haddad", disse. Depois da reunião com o PSB, Lula participou de um evento com catadores, como faz tradicionalmente desde o início de seu primeiro mandato, em 2003. Durante seu discurso, falou que Haddad vai ganhar a eleição ao governo de São Paulo, o que foi interpretado como um sinal de que a candidatura é inegociável.

 

OUTROS. O presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Sergio Moro (Podemos) e o governador João Doria (PSDB) já têm candidaturas consolidadas em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País com 33 milhões de eleitores. Bolsonaro lançou seu ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e a expectativa entre bolsonaristas é que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, seja candidato ao Senado. Já Moro se aliou ao deputado Artur do Val (Patriotas), integrante do MBL, grupo que o apoia. Foi a primeira articulação regional do ex-ministro. Em 2020, Do Val disputou a prefeitura da capital e teve 10% dos votos. Já Doria aposta na ampla coligação de seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), para tentar ampliar seu leque de aliança. 

 

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Federação entre PT, PSB e PCDOB esbarra na eleição municipal

 

As conversas entre PT, PSB e PCDOB para formação de uma federação partidária em 2022 enfrentam novos obstáculos: as eleições municipais de 2024 e a composição da direção. Os dirigentes não conseguiram chegar a um acordo sobre como seria a representação de cada legenda no comando da agremiação nem como seriam escolhidos os candidatos a prefeito.

Há o temor de que o PT imponha uma maioria que relegue às demais agremiações o papel de "satélites". O PSOL já se afastou das negociações com o PT e prioriza formar federação com a Rede. Procurada, a assessoria do PT afirmou que estes assuntos só entrarão em debate em janeiro.

 

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Suplicy leva 'renda básica' a ex-tucano e vê diálogo 'construtivo'

 

Daniel Reis

 

O vereador Eduardo Suplicy (PT) reuniu-se na tarde do domingo com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), ao qual apresentou sua proposta de renda básica da cidadania. Ao Estadão, o vereador petista avaliou o encontro como positivo e mostrou-se favorável à dobradinha entre Alckmin e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial do ano que vem. "São muitos os fatores a serem considerados, mas vejo com bons olhos que ele possa, sim, ser o candidato a vice de Lula. Acho que, de alguma forma, ele pode ampliar o quadro de apoio ao ex-presidente", disse Suplicy.

Apesar de aprovar a aliança, o vereador lembrou que foi crítico às gestões do ex-tucano no governo do Estado, de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018. "Ele é uma pessoa de bom senso. Cometeu erros, também. Nós fomos muito críticos, especialmente na violência policial contra os professores. Mas avalio que ele pode contribuir e ter um diálogo construtivo com Lula."

 

BANDEIRANTES. Bem posicionado nas pesquisas para o governo paulista, Alckmin deverá ficar de fora dessa disputa pelo Bandeirantes. Sua candidatura à vice-presidência ganhou força nos últimos dias. O PSB, seu provável destino, deverá lançar na disputa estadual o ex-governador Márcio França.

Com isso, o cenário da corrida eleitoral estadual ainda vive um impasse entre PT e PSB: França e Fernando Haddad (PT) querem o cargo. Segundo Suplicy, Alckmin não vê barreiras para o petista sair candidato no Estado. "Parece que ele vê com bons olhos. Não mencionou nenhuma restrição para que Haddad possa ser o candidato a governador."