Título: Bispo critica Congresso
Autor: Fernando Exman e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 29/09/2005, País, p. A5

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB ), dom Geraldo Majella Agnelo, desferiu ontem duras críticas ao Congresso. Questionado se os partidos políticos agem como uma ''quadrilha de bandidos'' Majella respondeu que ''às vezes se sente tentado a pensar que sim''. Dom Geraldo também declarou que considera ''o maior descalabro'' a hipótese de 16 parlamentares supostamente envolvidos com o esquema do mensalão não serem punidos . - O Congresso não pode estar 100% corrompido. Senão, era para fechar tudo, fechar a democracia - disse.

O bispo da CNBB defende que a falta de punição dos envolvidos poderia funcionar como ''um estímulo'' para a corrupção. Para o bispo, o momento político é de ''profunda inquietude e preocupação''. Dom Geraldo diz que a corrupção generalizada ''corrói a vida pública'' e ''atinge a democracia''. O bispo também criticou a imunidade parlamentar.

- Os parlamentares deviam ter responsabilidade para responder judicialmente os seus atos e sem nenhuma imunidade - defendeu.

Questionado sobre possíveis excessos de recursos de políticos junto ao Supremo Tribunal Federal, o bispo defendeu uma reforma do Judiciário. Ele concorda que há possibilidades para que um delito tramite de instância em instância jurídica.

Dom Geraldo considera que os indicadores econômicos indicam certas melhorias, mas não significam distribuição de renda. O presidente da CNBB acredita que o presidente Lula também não está se sentindo confortável com as denúncias de corrupção que atingem o governo e o Congresso:

- Penso que ele também não está contente com a situação.

Dom Geraldo prestou solidariedade ao bispo diocesano de Barra (BA), dom Luis Flávio Cappio, que faz greve de fome em protesto contra a transposição do Rio São Francisco. A CNBB enviou carta ao presidente Lula pedindo o adiamento das obras.