Valor Econômico, v.20, n. 4927, 27/01/2020. Política p.A6

 

Sem Bolsonaro, PSL quer eleger 500 prefeitos este ano

 

Marcelo Ribeiro

Raphael Di Cunto

 

Dois meses e meio após a desfiliação do presidente Jair Bolsonaro, o PSL fará uma reunião com dirigentes nacionais e estaduais para traçar a estratégia da legenda para as eleições municipais. No encontro, a Executiva Nacional avaliará o impacto da saída de Bolsonaro da sigla. Com a meta de eleger prefeitos em pelo menos 500 cidades em 2020, dirigentes do PSL apostam na estratégia de reforçar o compromisso com o combate à corrupção e com a aprovação de pautas liberais na economia para prosperar nas urnas. Hoje, o partido conta com apenas 32 prefeitos - 30 deles eleitos em 2016 e dois em disputas suplementares.

“O PSL é o único partido de direita do país. Uma direita racional, com compromisso com o combate à corrupção. Impacto da presença dos Bolsonaros tem pouca relevância na capacidade dos filiados do PSL. O partido se organizará para emplacar o maior número de prefeitos e vereadores independente do bolsonarismo”, avalia o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), vice-presidente da legenda.

Integrantes da cúpula do partido reconhecem que a saída do presidente deixou cicatrizes que podem prejudicar as pretensões eleitorais neste ano. Os pleitos de Joice Hasselmann, em São Paulo, de Rodrigo Amorim, no Rio de Janeiro, de Delegado Francischini, em Curitiba, seriam algumas das postulações que teriam perdido força. “A reunião do dia 4 de fevereiro servirá para entendermos as candidaturas que estão colocadas e verificarmos a competitividade delas”, explicou Bozzella.

Dirigentes avaliam que o tempo de propaganda eleitoral na televisão e os mais de R$ 203 milhões em caixa para as disputas municipais podem ser suficientes para a arrancada dos seus candidatos.

Durante o encontro, há a expectativa de identificar eventuais candidatos que tenham a intenção de migrar para o Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro, assim que a legenda for criada. “Não estamos fazendo caça às bruxas aos candidatos simpáticos ao bolsonarismo, mas o PSL não vai ser barriga de aluguel e não servirá de trampolim para quem está flertando com a ideia de sair", disse o vice-presidente da legenda.