Título: Roriz reassume controle da sucessão
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 29/09/2005, Brasília, p. D3

O governador Joaquim Roriz voltou a tomar as rédeas da sucessão nas mãos. Diante do iminente lançamento de uma chapa pefelista, composta pelos nomes com maior densidade eleitoral até agora - senador Paulo Octávio e deputado federal José Roberto Arruda - , e do corrida descontrolada de seus aliados ao Palácio do Buriti, o governador decidiu, pessoalmente, mexer as peças do tabuleiro. Em mais um dia de sucessivas reuniões, Roriz tentava costurar um acordo com seus aliados com a finalidade de fortalecer sua legenda e manter o controle sobre a sucessão. Além do ex-ministro Maurício Corrêa, cuja filiação está marcada para hoje, a idéia é trazer para o PMDB Arruda e seu grupo político, como os deputados Alberto Fraga e Izalci Lucas, inflando os quadros e garantindo ampla representação nas Câmaras Legislativa e dos Deputados.

Mas o martelo ainda não está batido. Ontem à noite, no curto espaço de tempo em que deixou a residência oficial de Águas Claras para votar para presidente da Câmara dos Deputados, Arruda afirmou ao JB que tendia a permanecer no PFL para fazer valer o acordo anteriormente firmado com Paulo Octávio e com a base pefelista.

- O principal problema é o desequilíbrio entre os partidos. Estamos buscando um entendimento entre todos - disse o deputado pouco antes de voltar para a reunião, da qual participavam Roriz, Abadia, Paulo Octávio e o secretário de Infra-Estrutura Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli.

O convite feito a Arruda foi lido, entre seus aliados, como uma declaração do apoio de Roriz à candidatura do deputado ao GDF. No entanto, Roriz garante que a filiação de Arruda não é uma indicação de seu escolhido. Até porque, no mesmo time jogam Maurício Corrêa e Filippelli, que também postula o cargo.

Além disso, a definição sobre a verticalização também deve pesar no processo. A vice Maria de Lourdes Abadia pode ser beneficiada no caso de uma futura aliança, em âmbito nacional, de PMDB e PSDB. Abadia, porém, só pode concorrer a governadora.

Na tentativa de fechar um acordo com Paulo Octávio, o governador chegou a convidar a esposa do senador, Ana Cristina Kubitschek, neta do ex-presidente JK, para filiar-se ao PMDB e, futuramente, entrar numa chapa como vice. A hipótese foi descartada após a recusa de Ana Cristina e do próprio Paulo Octávio.

Ontem pela manhã, durante assinatura de convênio que autoriza o Hospital das Forças Armadas a atender pacientes de média e alta complexidade da rede pública, Roriz afirmou que o seu PMDB terá candidatos próprios em todos os níveis.

Roriz mostrou que suas intenções ultrapassam questões regionais. Uma legenda forte na capital, com expressiva representação no Legislativo local - com até 12 deputados - pode servir como cacife no PMDB nacional.

- [A vinda do Arruda]Não significa o meu apoio, mas o fortalecimento de um partido com perspectivas de ter candidato próprio a presidente da República. Dentro do meu partido haverá apenas um candidato, que será aquele com melhor desempenho, aquele que o povo deseja mais - afirmou Roriz.

O governador admitiu ainda a possibilidade de uma chapa puro-sangue peemedebista no ano que vem, principal hipótese no caso da manutenção da verticalização, quadro com que os governistas vêm trabalhando.

- É uma perspectiva de poder clara que está se estabelecendo. Não posso garantir qual deles será o candidato, isso dependerá do trabalho, do desempenho de cada um deles - completou.