Título: Das águas profundas ao além-mar
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 29/09/2005, Economia & Negócios, p. A17

A Petrobras iniciou negociações para adquirir uma fatia da Galp, estatal portuguesa de energia que também tem entre seus acionistas o grupo Eni, da Itália, a portuguesa Electricidade de Portugal (EDP) e a espanhola Iberdrola. O negócio, cujos valores a empresa mantém em segredo, poderá não só garantir ativos no segmento de refino para a Petrobras, como também cinco áreas de exploração e produção em Angola. Com a operação, a petroleira brasileira também poderá driblar as restrições legais à sua participação no leilão da Gas Brasiliano, distribuidora de gás da região Noroeste de São Paulo, previsto para os próximos dias. O diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, revelou a operação ao JB. Ele afirmou, no entanto, que os entendimentos ainda encontram-se em um estágio inicial, faltando definir não só o percentual negociado como também o valor total envolvido. Comenta-se no mercado que a petroleira brasileira poderá incorporar uma fatia de até um terço do capital total da companhia.

Constituída em abril de 1999, a Galp Energia é a holding responsável pela reestruturação do setor energético de Portugal. A empresa detém 100% da Petrogal, o braço do grupo na área de exploração e produção de petróleo. Por meio dessa empresa, a Galp detém a concessão de quatro blocos exploratórios no Brasil, em parceria com a Petrobras. Também via Petrogal, o grupo opera a distribuição de combustíveis e controla duas refinarias em Portugal. A Galp também controla 100% da Gás de Portugal (GDP), que se dedica à importação e transmissão de gás natural, através da Transgás, e à distribuição de gás natural através de seis distribuidoras regionais portuguesas. A Petrobras negocia com a GDP a formação de um consórcio para disputar o controle da Gas Brasiliano. A participação direta da Petrobras no leilão da empresa está proibida porque a empresa ainda está incluída no Programa Nacional de Desestatização (PND), que veda a compra de ativos estatais por empresas federais.