Correio Braziliense, n. 21713, 28/08/2022. Política, p. 2

Exaltação ao Brasil na crise global

Ingrid Soares


No comício que fez, ontem, em Vitória da Conquista (BA), o presidente Jair Bolsonaro (PL) desconversou sobre a declaração que deu, na última sexta-feira, durante uma entrevista, que a fome não é um problema tão grave como dizem. Ele preferiu dar outro viés ao tema: o de que o país é o principal produtor mundial de alimentos e que, sem as exportações brasileira, “o mundo passa fome”.

“Ninguém segura esta grande nação. Passamos momentos difíceis, uma pandemia e uma guerra, mas o Brasil emergiu. Hoje, os números da economia são um dos melhores do mundo, e cada vez mais o mundo olha para nós. O mundo sem o Brasil passa fome”, observou.

Ao lado do candidato a vice Walter Braga Netto, Bolsonaro novamente apelou às questões relacionadas aos costumes para criticar os governos do PT, quando afirmou que o objetivo do partido de Luiz Inácio Lula da Silva — seu principal adversário na corrida eleitoral — é destruir famílias. E sem citar o ex-presidente, afirmou que o petista é o “candidato da TV Globo”.

A fim também de quebrar as resistências que tem da população da região, Bolsonaro chamou o Nordeste de “meu”, e como tem sido habitual nos eventos eleitorais de que participa, novamente convocou a população para o Sete de Setembro. “Vamos mostrar ao mundo que estamos unidos em um mesmo ideal, mostrar cada vez mais que somos um só povo, uma só raça, um só país”, exortou.

Bolsonaro, mais uma vez, cumpriu o enredo de lançar suspeitas sobre a lisura do sistema eleitoral. “A democracia se faz no voto, com voto transparente, com voto confiável”, afirmou. Em seguida, saiu em motociata com João Roma (PL), candidato a governador da Bahia.

Na noite de sexta-feira, Bolsonaro esteve na 65ª Festa do Peão de Boiadeiro, em Barretos (SP). Ele foi recebido como personalidade de honra na arena principal do evento, deu duas voltas a cavalo e discursou, celebrando os trabalhadores do campo e voltando a afirmar que a titulação de terra de seu governo estaria “anulando a violência que vinha do MST”.

O presidente chegou ao evento acompanhado pelo ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos, e pelo empresário Luciano Hang — investigado pela Polícia Federal com mais sete empresários bolsonaristas por trocas de mensagens de cunho golpista.

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