Título: Marinho: corrupção continua nos Correios
Autor: Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 30/09/2005, País, p. A6

O ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho, pivô do escândalo que levou o ex-deputado Roberto Jefferson a denunciar o esquema de mensalão e caixa 2 do PT, concedeu ontem novo depoimento à CPI dos Correios. Marinho entregou um dossiê à CPI e, segundo o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), sugeriu que o esquema de corrupção pode estar sendo mantido pela nova direção da estatal. O depoimento foi fechado para que as revelações feitas por ele não atrapalhem as investigações da comissão e do Ministério Público.

- Ele deu a entender que esse pessoal é do mesmo grupo que foi afastado e que não houve uma renovação de quadros - disse Serraglio, complementando que as declarações de Marinho serviram para ratificar todas as denúncias já feitas pelo ex-funcionário em depoimentos anteriores.

O relator afirmou que, de acordo com Marinho, a corrupção nos Correios era ''endêmica'', contaminava também a direção da empresa. No entanto, Marinho teria afirmado que o esquema de captação de recursos de empresas prestadoras de serviços aos Correios para financiar partidos políticos foi pontual e teria ocorrido apenas na época das eleições de 2004. O deputado disse que os partidos beneficiados teriam sido PTB, PT e PMDB. Marinho preservou Jefferson, mas falou que o genro do ex-deputado era figura freqüente nos acordos irregulares que aconteciam na estatal.

O sub-relator da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse que Marinho denunciou três contratos de compras superfaturadas de furgões em que diretores e funcionários da estatal teriam recebido a diferença entre o valor de referência de mercado e o pago pela estatal.