Valor Econômico, v.20, n. 4931, 31/01/2020. Brasil p.A4

 

Com novo vírus, mil leitos de UTI serão licitados


Há nove casos suspeitos de infecção com o coronavírus no país

Rafael Bitencourt

O Ministério da Saúde prepara licitação para contratar mil leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para eventuais casos graves de pacientes infectados com coronavírus. Para dar uma ideia de custo, o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo, informou que o preço de locação de um leito de UTI que, segundo ele, varia de R$ 15 mil a R$ 20 mil mensais.

O secretário disse que os hospitais de referência estão sendo indicados pelas secretarias estaduais de Saúde envolvidas na força-tarefa de acompanhamento dos casos suspeitos de infecção.

“Esses hospitais de referência poderão receber, de acordo com a necessidade de cada um deles, o número de leitos de UTI compatíveis com a demanda que for aparecer", disse o secretário.

Gabbardo disse que nessas contratações os hospitais, em geral, se encarregam de construir o leito e disponibilizar equipamentos básicos. Então, o governo federal assume compra dos equipamentos mais sofisticados e os repasses referentes a manutenção, assistência técnica e treinamento.

Ontem, o ministério divulgou o balanço sobre a situação do monitoramento do risco de epidemia de coronavírus no Brasil e no mundo. Ao todo, o governo brasileiro registrou 43 notificações sobre o coronavírus entre 18 de janeiro e o fim da tarde de ontem.

Até agora, foram excluídas 28 notificações sem que houve a necessidade de ser submetido a testes laboratoriais - não se encaixam nos padrões de possível coronavírus. O número total de casos suspeitos de infecção com o coronavírus foram mantidos em nove, em relação ao boletim diário divulgado na quarta-feira. Nenhum caso de coronavírus foi confirmado no Brasil.

Hoje à tarde, o ministério deve apresentar o resultado dos exames laboratoriais da suspeita mais antiga de infecção com o coronavírus monitorado no país, registrado em Belo Horizonte. Com o resultado, os técnicos deverão confirmar ou descartá-lo.

Entre os casos suspeitos, três são de São Paulo, dois,do Rio Grande do Sul, e há mais quatros casos únicos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Ceará. O número de casos descartados, que chegaram a ser avaliados pelas autoridades sanitárias brasileiras, subiu de quatro para seis, sendo dois em Santa Catarina e Rio Grande do Sul e um em São Paulo e no Paraná.

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, informou ontem que, por enquanto, “nada muda” no Brasil com a declaração de Emergência Global de Saúde Pública, feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para o surto do coronavírus da China.

Ele informou que o status nacional poderá mudar diante de novas recomendações elaboradas pelo Comitê de Emergência da OMS, que declarou ontem o status de emergência global.

“Estamos no nível 2 de alerta que chama perigo iminente. Quando tivermos o primeiro caso confirmado, nós iremos para emergência de saúde pública de importância nacional, corroborando obviamente com a declaração do OMS”, afirmou Oliveira.

Gabbardo disse que a mudança de status em âmbito mundial era esperada. Ele evitou fazer maiores comentários sobre o desdobramento da decisão da OMS. “Era esperado que isso fosse acontecer, mas o que muda no país nós só saberemos depois que forem feitas novas avaliações. Antes disso, só estaríamos fazendo aqui conjecturas”.