Título: Em nome das gerações futuras
Autor: David José de Matos
Fonte: Jornal do Brasil, 30/09/2005, Brasília, p. D2

Não há quem não reivindique a preservação responsável do meio ambiente como a única maneira de garantir as gerações futuras. Mesmo dispondo da água, recurso essencial à vida, vulnerável e finito, cumpre exigir dos agentes públicos a realização de campanhas eficazes contra o desperdício, além da aplicação de medidas corretas para impedir a contaminação e assegurar a manutenção dos mananciais.

Água doce limpa é, como dizem os jovens, tudo de bom. Principalmente para nós, que moramos em Brasília, onde sentimos literalmente na pele os inconvenientes da seca. E onde temos de assumir enorme preocupação com a escassez de água. A boa notícia é que o governador Joaquim Roriz considera os cuidados com a água uma das prioridades do seu governo.

Exemplo disso é a criação da Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal (Adasa). A descentralização tornou-se o critério de decisão porque é condição indispensável à construção de novas atitudes relativas ao cuidado com a água, seja superficial ou subterrânea. Assim são definidas as regras para explorar, conservar, recuperar e utilizar a água de acordo com o que deseja a sociedade.

A Adasa propaga o conceito de água como bem econômico, de expressivo valor, sujeito a conflitos entre seus usuários potenciais, considerando seu relevante papel social e que necessita ser protegido e gerenciado com eficiência e eficácia. Essa definição supera o conceito das aulas de economia do século passado quando se usava o exemplo da água para diferenciar o que tem valor de uso, mas não valor de troca, porque as pessoas têm acesso livre a elas.

A reduzida oferta e o uso abusivo da água representam séria e constante ameaça ao desenvolvimento e à proteção do meio ambiente. O DF tem a terceira pior disponibilidade de água por habitante do país. A água só é menos escassa do que em Pernambuco e na Paraíba. Além disso, a perfuração indiscriminada de poços tubulares ameaça os mananciais. Outro problema a ser estudado com afinco é o impacto causado pela irrigação dos cinturões agrícolas.

No DF, a implantação nos condomínios verticais da cobrança individualizada da água fornecida aos usuários por meio de um medidor para cada habitação vai favorecer o consumidor, que não será mais obrigado a pagar por aquilo que não consumiu, além de incentivar a economia. A Adasa irá estabelecer as normas para cumprimento da Lei 3.777. Isso irá gerar benefícios para toda a sociedade.

Na Bacia do Descoberto, onde se localiza nosso maior reservatório de água, responsável pelo abastecimento de mais de 1 milhão de pessoas, busca-se disciplinar o uso do solo e do tratamento de esgotos dos novos núcleos urbanos. Na área rural, inicia-se o monitoramento e controle do uso de agrotóxicos e a racionalização dos processos de irrigação, visando garantir a preservação da qualidade e da quantidade de água.

O uso racional do solo e da água e a mediação de conflitos exigem a gestão compartilhada de diferentes órgãos e de toda a sociedade. A manutenção do desenvolvimento regional deverá, cada vez mais, se pautar pela garantia do equilíbrio entre as ações voltadas para a promoção do crescimento econômico e a conservação do meio ambiente.

Para assegurar a universalização de acesso aos serviços de abastecimento de água e de saneamento, em qualidade, em níveis que garantam o atendimento a todos os cidadãos e com tarifa justa, é fundamental a organização e capacitação do Poder Público, com o importante envolvimento e participação da sociedade. A Adasa é resultado do avanço de nossa comunidade, da nossa maturidade no cuidado com o meio ambiente.

Estamos no caminho traçado pelo compromisso do governo Roriz com as futuras gerações. Estamos conciliando o desenvolvimento sustentável do Distrito Federal com a conservação do meio ambiente, a eficácia econômica e a justiça social. Esse é o meio mais eficiente de construir uma Brasília melhor para todos nós.