Título: Arruda preserva autonomia
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/09/2005, Brasília, p. D3

Se o nome que concorrerá ao Palácio do Buriti no ano que vem, sob a chancela do governador Joaquim Roriz, ainda é uma incógnita para seus aliados, com o esgotamento do prazo para trocas partidárias o leque de pré-candidatos ao Palácio do Buriti estará definido até o final do dia. Apenas PMDB, PFL e PSDB estarão na disputa pelo apoio do governador, maior cabo eleitoral do DF. Com a decisão - irrevogável até a noite de ontem - do deputado José Roberto Arruda de permanecer no PFL, recusando o convite de Roriz de ingressar no PMDB, apenas um candidato pefelista pode entrar na disputa. E diante da confirmação do ex-ministro Maurício Corrêa no PMDB, a situação é a mesma na sigla de Roriz. A única legenda que ainda sustenta uma só candidata é o PSDB, com a vice Maria de Lourdes Abadia. Após horas de reunião na quarta-feira passada na tentativa de construir um acordo, ontem, durante solenidade de filiação de Maurício Corrêa, Roriz afirmou que os cinco estarão juntos em 2006. Inclusive, uma das cláusulas prevista no acordo assinado pelos pré-candidatos prevê que o ungido de Roriz ganhará o apoio de todos os outros companheiros. E que todos colocarão a campanha na rua a partir de janeiro que vem.

Nos bastidores, no entanto, a idéia de união parece difícil de ser viabilizada. Isso porque a própria permanência de Arruda na legenda sinalizaria, em um primeiro momento, que o PFL lançará candidato próprio ao GDF. E, segundo testemunhas do acordo, o senador Paulo Octávio garantiu abrir mão de sua postulação à indicação de Roriz em favor de seu correligionário Arruda. O senador nega que tenha desistido do páreo.

Para parte dos integrantes do governo, a filiação de Arruda ao PMDB era aguardada com ansiedade. Apesar dos fortes indicativos dos últimos dias de que Maurício Corrêa largou na frente na preferência do governador, Roriz têm reafirmado que um dos critérios para escolher seu sucessor será a perspectiva de desempenho nas urnas. Ou seja: quem conseguir sustentar altos índices em pesquisas de opinião nas proximidades do pleito tem grandes chances de obter o apoio de Roriz. Meta mais fácil para Arruda, que até agora mostra que tem a simpatia de cerca de 30% do eleitorado brasiliense. Além disso, seria a segurança de participar da disputa ao lado de Roriz, no caso da manutenção da verticalização.

No entanto, pessoas ligadas ao deputado afirmam que o recuo do pefelista em trocar de partido deu-se justamente pelo receio de não conseguir conquistar Roriz no reduto peemedebista. Ficaria refém da escolha do governador, que tem ainda como opções na legenda o ex-ministro do STF e o secretário da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli.

O esvaziamento do PFL - com a evasão de aproximadamente 30 aliados de Arruda para o PMDB - também pesou na decisão do deputado em permanecer na legenda, onde já havia selado acordo. Com a debandada, alguns acreditam que o PFL seria destruído. Sem aceitar a situação, o senador Paulo Octávio recusou-se a assinar o acordo, o que só foi feito ontem após a confirmação da permanência de Arruda na legenda.

A filiação de Arruda no PMDB preocupou ainda uma das aliadas mais fiéis de Roriz, a vice Maria de Lourdes Abadia. Para garantir reforço no time tucano, Jaqueline e Liliane Roriz, filhas do governador, confirmaram o ingresso hoje no PSDB.